Polícia gaúcha desarticula quadrilha que aplicava o “golpe do falso pai de santo”
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Polícia gaúcha desarticula quadrilha que aplicava o “golpe do falso pai de santo”

Vítima perdeu mais de R$ 180 mil em supostos trabalhos espirituais; seis pessoas foram presas

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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, nesta quinta-feira (16), a Operação Falsa Fé, uma ofensiva interestadual que desmantelou uma organização criminosa especializada em aplicar o chamado “golpe do falso pai de santo”. A ação foi coordenada pela 3ª Delegacia de Polícia de Canoas, com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública e da Polícia Civil de São Paulo.

Ao todo, 120 policiais civis dos dois estados participaram da operação, que cumpriu 18 mandados de busca e apreensão e sete de prisão temporária nas cidades de São Paulo, Itapevi, Cotia e Jacareí. Seis pessoas foram presas, incluindo um homem identificado como falso pai de santo. Durante a ofensiva, os agentes apreenderam um veículo, diversos celulares e bloquearam contas bancárias dos investigados.

O golpe

De acordo com a investigação, a vítima, uma advogada gaúcha, perdeu mais de R$ 180 mil após cair em um golpe sofisticado que explorava sua vulnerabilidade emocional. A mulher procurou ajuda espiritual nas redes sociais após o fim de um relacionamento e encontrou um anúncio de uma suposta mãe de santo que prometia “trazer o amor de volta”.

O contato inicial aconteceu no fim de maio, quando a vítima foi convencida a pagar R$ 300 por um ritual de amarração. Pouco depois, a golpista exigiu novos valores sob o pretexto de que seriam necessários outros “trabalhos espirituais”, como “dominação de coração” e “casamento de almas”.

Quando a mulher tentou desistir, os criminosos passaram a ameaçá-la, dizendo que o cancelamento não era possível e que “as entidades espirituais poderiam puni-la”. A partir daí, começaram as cobranças escalonadas, valores que variavam de R$ 1,5 mil a R$ 37 mil, totalizando mais de R$ 180 mil em transferências via Pix e TED.

Em determinado momento, um homem se apresentou como pai de santo e chefe do terreiro, assumindo o controle das conversas. Usando linguagem mística e tom de intimidação, ele dizia conhecer informações pessoais da vítima e ameaçava “expô-la” caso não realizasse novos pagamentos. Os criminosos também criaram conversas falsas com supostos gerentes bancários e até inventaram a necessidade de comprar um bode preto para concluir um dos rituais.

Investigações

A delegada Luciane Bertoletti, responsável pelo caso, destacou que o grupo atua de forma estruturada e se especializa em identificar pessoas fragilizadas emocionalmente para aplicar o golpe. “Eles utilizam perfis falsos, exploram a fé e a fragilidade das vítimas, criando uma teia de manipulação psicológica e ameaças”, afirmou.

Os investigados deverão responder pelos crimes de estelionato, extorsão e associação criminosa. As investigações continuam para identificar possíveis novas vítimas e rastrear o destino dos valores obtidos ilegalmente.

A Polícia Civil reforça o alerta para que ninguém realize pagamentos antecipados em nome de supostos trabalhos espirituais e que denúncias semelhantes sejam encaminhadas imediatamente às autoridades competentes.

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