Agentes da Polícia Federal cumpriram, na manhã desta quarta-feira (3), um mandado de busca e apreensão na 13ª Vara Federal de Curitiba, unidade em que se originou a Operação Lava Jato. A diligência foi autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), e tem como objetivo recolher documentos referentes a processos anteriores à Lava Jato que, segundo o Supremo, já haviam sido solicitados diversas vezes, mas não foram enviados.
A ação faz parte de um inquérito que investiga supostas irregularidades na condução de casos criminais pela Justiça Federal do Paraná. Um dos alvos é o senador Sérgio Moro (União-PR), que atuou por anos como juiz titular da 13ª Vara e se tornou figura central da Lava Jato.
Inquérito e acusações
O inquérito, que corre sob sigilo, foi aberto em 2023 a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), após informações da Polícia Federal apontarem necessidade de aprofundar apurações sobre as declarações do empresário e ex-deputado estadual Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia.
O caso está relacionado a um acordo de colaboração premiada firmado em 2004, quando Garcia foi preso pela PF acusado de gestão fraudulenta no Consórcio Nacional Garibaldi, em um processo que antecede a Lava Jato. Ele afirma que, na época, Moro o teria pressionado a gravar investigados e atuar para produzir provas contra políticos e outras figuras públicas.
Moro nega irregularidades
Em nota enviada à Agência Brasil, Moro afirmou que as buscas “apenas confirmarão que os relatos de Tony Garcia são mentirosos” e declarou não ter “qualquer preocupação” com o acesso do STF aos processos em que atuou como juiz.
“Não houve qualquer irregularidade no processo de quase 20 anos atrás que levou à condenação de Tony Garcia”, disse o senador, que também questiona a competência do Supremo para seguir com o caso, alegando que os fatos investigados não têm relação com seu mandato parlamentar nem com sua atuação como ministro da Justiça.
Manifestação das instituições
A Justiça Federal do Paraná informou que não irá se manifestar sobre a operação.
A ação desta quarta-feira reforça o avanço das investigações sobre possíveis ilegalidades em procedimentos judiciais anteriores à Lava Jato, ampliando o escrutínio sobre um dos capítulos mais controversos da história recente do Judiciário brasileiro.



