Número de desastres causados por chuvas intensas no Brasil triplica em três décadas, aponta estudo – Notícias
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Foto: Imagem Ilustrativa / Juliano Haesbaert / PortoAlegre24Horas

Número de desastres causados por chuvas intensas no Brasil triplica em três décadas, aponta estudo

Levantamento da Unifesp revela crescimento acelerado de enchentes, enxurradas e deslizamentos entre 1991 e 2023

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O Brasil enfrentou um aumento de 222,8% nos desastres climáticos relacionados às chuvas nas últimas três décadas. Entre 2020 e 2023, foram registrados 7.539 eventos extremos, como enxurradas, inundações, deslizamentos e temporais, número mais de três vezes superior ao registrado durante toda a década de 1990, que teve 2.335 ocorrências desse tipo.

Os dados fazem parte do relatório “Temporadas das Águas: O Desafio Crescente das Chuvas Extremas”, publicado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica em parceria com o programa Maré de Ciência, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O estudo, baseado em dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, analisou o período de 1991 a 2023, totalizando 26.767 desastres causados por chuvas intensas no país.

De acordo com o coordenador do estudo, o pesquisador Ronaldo Christofoletti, o levantamento confirma uma tendência já prevista por estudos científicos: as regiões Sul e Sudeste estão vivenciando um aumento significativo na intensidade e na frequência das chuvas. O cenário está alinhado às projeções do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), que prevê, até 2100, um aumento de 30% nas chuvas nas regiões Sul e Sudeste, e uma redução de até 40% no Norte e Nordeste.

Do total de desastres analisados, 64% foram classificados como hidrológicos, com as enxurradas liderando os registros (55%), seguidas por inundações (35%). Já os eventos de origem meteorológica responderam por 31% dos casos, sendo os temporais responsáveis por 75% dessas ocorrências. Os deslizamentos de solo, classificados como desastres geológicos, representaram 5% dos registros.

O levantamento aponta ainda que 4.645 municípios brasileiros — cerca de 83% do total — já enfrentaram algum tipo de desastre relacionado às chuvas. Na década de 1990, esse número era de apenas 27%. Já nos anos 2000, subiu para 68%, mostrando uma tendência clara de agravamento dos impactos climáticos nas cidades.

Segundo os especialistas, os efeitos das chuvas extremas vão além das perdas materiais. Elas afetam diretamente a infraestrutura urbana, a saúde física e mental da população e podem até provocar deslocamentos forçados, criando novos fluxos de refugiados climáticos. “Famílias que não conseguem mais viver em áreas alagadiças ou que dependiam de agricultura estão se vendo obrigadas a migrar”, alerta Christofoletti.

Diante desse cenário, a pesquisadora Juliana Baladelli Ribeiro, que também participou do estudo, defende a adoção de soluções baseadas na natureza como forma de adaptação urbana. Ela cita exemplos como jardins de chuva, lagos artificiais e parques que funcionam como áreas de drenagem natural. Um modelo eficaz, segundo ela, é o Parque Barigui, em Curitiba, que consegue armazenar grandes volumes de água em dias chuvosos, sem prejuízos estruturais.

Além de reduzirem os impactos das enchentes, essas soluções proporcionam qualidade de vida, conforto térmico e espaços de lazer, mostrando que o enfrentamento aos eventos climáticos pode estar aliado ao planejamento urbano sustentável.

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