A China vive um mistério que tomou a atenção da mídia do país, das redes sociais e que ganhou espaço até no Diário do Povo, a publicação oficial que serve de porta-voz para o Partido Comunista. Trata-se do desaparecimento, e posteriormente da morte, do adolescente Hu Xinyu, de 15 anos, na província de Hebei, no noroeste da gigante nação asiática.
O jovem desapareceu em 14 de outubro do ano passando quando estava no turno noturno de estudos de uma escola do condado de Yanshan, onde era recém-matriculado. A última imagem de Hu foi justamente dentro da instituição de ensino, andando pelos corredores. As câmeras de segurança da escola mostraram o garoto na área do dormitório, faltando 15 para o início das aulas da noite. Depois disso, Hu nunca mais foi visto.
As buscas pelo adolescente mobilizaram a sociedade local e as autoridades. Inúmeras buscas foram realizadas durante os 106 dias em que o paradeiro de Hu era desconhecido. Amigos, pais dos amigos, policiais, bombeiros e funcionários do governo local utilizaram cães farejadores, drones, câmeras de captação térmica e todo tipo de parafernália à disposição dos envolvidos. As buscas se concentraram das áreas da própria escola até regiões a quilômetros de distância do ponto de desaparecimento, como desfiladeiros, matas e rios. Nada, nem sequer um vestígio do adolescente.
Na última sexta-feira (28), de forma súbita e inexplicável, moradores de uma área bem próxima à escola notificaram as autoridades que o corpo de um garoto, usando roupas iguais às usadas por Hu no dia do desaparecimento, conforme mostravam as câmeras, havia sido encontrado pendurado numa árvore que fica bem no começo de uma espécie de bosque que faz divisa com o mura da escola onde o garoto estudava. Ou seja, num local que obviamente já tinha sido inspecionado e desde os primeiros momentos.
Junto ao corpo do rapaz havia um cartão de alimentação fornecido pelo governo aos estudantes, assim como um gravador. A polícia de Hebei e as autoridades que investigam o caso se recusaram a dizer se havia no aparelho algum tipo de informação ou gravação da voz de Hu.
Os pais da vítima foram ao local, assim como outras testemunhas, mas oficialmente a morte só foi confirmada três dias depois, após a realização de um exame de DNA. A partir daí, um mistério tomou conta da China e até agora movimenta as redes sociais e a opinião pública do país.
Inúmeras teorias conspiratórias se propagaram pela China e passaram a ser debatidas em todos os lugares. Na rede social Weibo, que é tão popular na nação asiática quanto o Twitter é no Ocidente, o caso de Hu Xinyu está há dias no topo dos assuntos mais falados e debatidos.
Entre os absurdos espalhados estariam teorias de que o jovem teria sido levado a um local para ter os órgão extraídos e vendidos, ou ainda uma maluquice, emulando o enredo da série ‘Breaking Bad’, de que um professor de Química da região teria dissolvido seu corpo em ácido. Diante de tanta irresponsabilidade e criatividade, foi preciso que os jornais alinhados diretamente ao governo de Pequim e o próprio Diário do Povo publicassem artigos explicando que tudo não passava de fake news e que quaisquer novidades nas investigações seriam amplamente levadas a conhecimento público.
Por ora, o que se sabe apenas é que o corpo é de fato de Hu, mas as circunstâncias de sua morte e o motivo de o cadáver não ter sido encontrado rapidamente, já que estava tão próximo da escola e numa área que já tinha sido vasculhada, seguem sendo um mistério e motivo de muita discussão e controvérsia na China.
Fonte: Revista Fórum



