Uma batalha sem precedentes se aproxima na Ilha Marion, um remoto arquipélago entre a África do Sul e a Antártida. A ilha, que abriga uma das maiores colônias de albatrozes-gigantes do mundo, enfrenta uma grave ameaça: uma invasão de ratos, introduzidos por caçadores de focas no século XIX, está dizimando a população dessas majestosas aves marinhas.
Os roedores, que se reproduzem em grande escala, atacam os albatrozes enquanto ainda estão vivos, causando ferimentos profundos e levando-os à morte por infecção ou inanição. A situação é tão crítica que pesquisadores encontraram diversos albatrozes mortos com marcas evidentes dos ataques dos ratos.
Para reverter esse cenário catastrófico, conservacionistas do Projeto Marion sem Ratos estão planejando uma operação de grande escala. A iniciativa, que conta com o apoio do governo sul-africano e da organização BirdLife South Africa, prevê o lançamento de toneladas de pellets envenenados por helicóptero, com o objetivo de exterminar completamente a população de ratos.
A operação, marcada para o inverno de 2027, quando os roedores são mais vulneráveis, busca eliminar até 1 milhão de ratos. Segundo Mark Anderson, CEO da BirdLife South Africa, “Precisamos eliminar cada último rato. Se sobrar um casal, eles podem se reproduzir e reiniciar o ciclo de destruição”.
A erradicação dos ratos é fundamental para a sobrevivência dos albatrozes, que não possuem defesas naturais contra predadores terrestres. A perda dessas aves teria um impacto devastador na fauna local, com consequências em cadeia para todo o ecossistema da ilha.
É importante ressaltar que esta não é a primeira tentativa de controlar a população de ratos na Ilha Marion. Nos anos 1940, gatos foram introduzidos, mas acabaram se tornando um problema ainda maior, matando um número ainda maior de aves marinhas.
Diante desse histórico, os conservacionistas optaram por uma solução mais precisa e menos prejudicial ao meio ambiente: o uso de raticida específico para roedores. O produto escolhido é seguro para os invertebrados nativos e as aves marinhas, garantindo que apenas os ratos invasores sejam afetados.