O debate sobre o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia ganhou contornos polêmicos após declarações do deputado francês Vincent Trébuchet, que chamou a carne importada da região de “lixo”. Durante uma consulta no Parlamento francês, Trébuchet afirmou que “nossos pratos não são latas de lixo”, ao se posicionar contra o acordo. A frase ilustra a resistência de setores políticos e agrícolas franceses, que associam a carne do Mercosul a padrões de qualidade inferiores, mesmo sem apresentar provas concretas. A crítica ocorre em um contexto de forte oposição ao acordo comercial, que obteve 484 votos favoráveis no Parlamento francês contra apenas 71 contrários.
O deputado estadual Guilherme Pasin (PP) se manifestou nas redes sociais após a repercussão da fala de Trébuchet, se colocando a favor dos produtores brasileiros. Ele avalia que a questão central neste debate é o protecionismo do mercado interno francês e ainda afirmou que ninguém deveria aceitar o desrespeito e a distorção da verdade. “A carne brasileira, especialmente gaúcha, é fruto de décadas de dedicação, investimento e respeito às normas sanitárias”, disse.
A postura protecionista também reverberou no setor privado, com o Carrefour e seu CEO, Alexandre Bompard, emitindo um pedido de desculpas após comentários semelhantes sobre a carne brasileira. Apesar da retratação, o tom foi criticado por parecer insincero e insuficiente para reparar os danos. Enquanto isso, o governo brasileiro monitora o impacto político e comercial das declarações, considerando que o acordo Mercosul-UE ainda enfrenta desafios significativos para ser aprovado.



