Em um episódio que marca um novo capítulo na história dos conflitos internacionais, o recente ataque ao Irã por parte de Israel e dos Estados Unidos foi precedido por uma justificativa sem precedentes: o uso de Inteligência Artificial (IA) para embasar alegações de que o país persa teria capacidade de produzir uma bomba atômica.
A narrativa construída para legitimar a ofensiva não se apoiou em provas concretas, mas em projeções feitas por sistemas automatizados. O centro das decisões foi um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), divulgado no final de maio de 2025, que se baseou no programa Mosaic — uma tecnologia de IA utilizada originalmente no combate ao terrorismo e hoje aplicada em áreas diversas da segurança global.
O Mosaic coleta dados de fontes variadas, cruza informações e gera análises preditivas. Embora seja uma ferramenta reconhecida por sua precisão em ambientes de risco, a adoção de suas previsões como base factual para uma ação militar levanta preocupações inéditas no cenário diplomático e estratégico mundial. O relatório da AIEA não apresentou provas materiais, mas sim deduções baseadas em padrões e tendências apontadas pela IA. Mesmo assim, foi endossado por membros influentes do Conselho de Governadores da agência, composto majoritariamente por países ocidentais.
Com o aval do relatório, o conflito foi desencadeado, inaugurando, segundo especialistas, a era das guerras iniciadas por decisões baseadas em algoritmos. O episódio reacende o debate sobre os limites éticos e políticos do uso da Inteligência Artificial em decisões de alto impacto, especialmente em temas tão sensíveis quanto a segurança nuclear e a soberania de nações.
O episódio também expõe a fragilidade das instâncias multilaterais diante do avanço tecnológico. Em vez de instrumentos de mediação, organismos internacionais correm o risco de se tornarem validadores automáticos de interesses geopolíticos, influenciados por interpretações digitais que podem ser enviesadas ou manipuladas.
À medida que a IA se torna mais presente em decisões de Estado, o mundo assiste à transformação da diplomacia e da guerra sob um novo paradigma — um onde os dados podem pesar mais do que os fatos.



