Nos últimos anos, especialistas alertam para um fenômeno preocupante: o crescimento da misoginia entre meninos e adolescentes, impulsionado pelos algoritmos das redes sociais e pela facilidade de acesso a conteúdos misóginos e extremistas. Ao contrário do que se imaginava, o preconceito contra mulheres não está mais restrito a gerações mais velhas, mas vem se intensificando entre os mais jovens.
Esse novo cenário desafia a ideia de que as gerações atuais são naturalmente mais tolerantes, inclusivas e respeitosas com as diferenças. Pesquisas recentes indicam que adolescentes do sexo masculino, em muitos contextos, passaram a expressar opiniões mais retrógradas e discriminatórias do que seus pais e avós em relação às mulheres.
Essa inversão de expectativas acende um sinal de alerta entre estudiosos e ativistas. A disseminação rápida de discursos de ódio, combinada ao alcance de influenciadores digitais com discursos misóginos, tem contribuído para a naturalização de comportamentos abusivos e a banalização da violência de gênero.
A escritora e pesquisadora inglesa Laura Bates é uma das vozes que se destacam nesse debate. Criadora de um projeto que reúne relatos de assédio e violência contra mulheres, ela tem chamado atenção para os impactos sociais da inteligência artificial e das plataformas digitais nesse processo de radicalização.
Segundo Bates, o risco não é futuro, mas atual. As novas tecnologias estão moldando o comportamento de uma geração inteira, podendo impulsionar meninos a um universo de privilégios e domínio, enquanto relegam meninas a um papel social cada vez mais fragilizado. Para ela, é urgente discutir os efeitos da tecnologia no comportamento e implementar ações de proteção e educação digital que combatam a misoginia e promovam a igualdade de gênero.



