Desde 2007, o governo da China mantém uma norma que obriga qualquer processo de reencarnação, especialmente de figuras budistas no Tibete, a ser previamente autorizado pelo Estado. A medida, imposta pela Administração Estatal para Assuntos Religiosos, tem como objetivo controlar a sucessão de líderes espirituais influentes — como o Dalai Lama — e reforçar a autoridade chinesa sobre o território tibetano. Segundo o regulamento, é ilegal reconhecer reencarnações sem a devida permissão do Partido Comunista, e o novo “renascido” deve ter nascido em território chinês e obedecer a trâmites burocráticos definidos por Pequim.
A política vem sendo duramente criticada por organizações de direitos humanos e por líderes religiosos, que a veem como uma interferência direta na liberdade religiosa e um ataque à cultura milenar tibetana. O atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso, de 90 anos, já declarou que pode romper com a linha tradicional de sucessão para impedir que o governo chinês escolha seu sucessor. A decisão de Pequim ganhou novos holofotes em 2025, justamente com o avanço da idade do líder espiritual, aumentando os temores de um sucessor nomeado sob influência estatal.
A norma viralizou novamente nas redes sociais nos últimos dias, reacendendo uma pergunta irônica que circula há anos na internet: “Preciso pedir permissão à China para reencarnar?” Piadas, memes e críticas se espalharam online, enquanto organizações como a Human Rights Watch alertam que essa é apenas uma das várias formas pelas quais o governo chinês tenta limitar a autonomia cultural e religiosa no Tibete, ocupado por forças chinesas desde 1950.



