Luciana Genro diz que o PT não tem mais a capacidade de liderar a esquerda brasileira

Luciana Genro diz que o PT não tem mais a capacidade de liderar a esquerda brasileira

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Luciana Genro acredita que o PT perdeu a capacidade de liderar a esquerda brasileira, principalmente após a condenação do ex-presidente Lula em segunda instância. Luciana será candidata a deputada estadual no Rio Grande do Sul. No fim do ano passado, Luciana manifestou interesse em concorrer novamente pelo PSOL e vê que a falta de diálogo pode transformar o partido em uma espécie de “puxadinho” petista.  Em entrevista ao Portal da Band, ela afirmou que o PT se deixou envolver pela corrupção e se tornou igual aos outros.




1 – Qual será o papel da Luciana Genro nestas eleições?
Eu vou me candidatar a deputada estadual. Eu cheguei a me colocar à disposição do partido para concorrer à Presidência novamente, a vontade íntima era fazer isso, pois a disputa em 2014 foi muito gratificante e positiva para o PSOL. Mas resolvi focar na campanha para deputada estadual.

2 – Algum atrito com o Guilherme Boulos, que desponta como o favorito a ser indicado pelo partido?
Nenhum mal. Temos feito este diálogo com o Boulos, inclusive temos uma ótima relação. Ele apoiou minha candidatura em 2014. Mas nós queremos uma discussão programática. Achamos que não é possível ele cair de paraquedas no PSOL e não fazer um debate com o partido sobre o programa. É muito importante ter o MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto], movimento que ele encabeçou. A candidatura no PSOL não pode ser um puxadinho do PT.




3 – Como você acredita que será o clima da eleição de outubro?
Acho que será uma eleição muito pouco entusiasmante para o povo, pois existe um descrédito muito grande com os políticos. Os erros cometidos pelo PT acabaram respingando em toda a esquerda, inclusive no PSOL, que fez oposição a todos os governos, inclusive o do PT. Mas a esquerda, em geral, é vista como uma coisa só. A gente sente os efeitos desses erros do PT. Independentemente de o Lula ser candidato ou não, vai ser difícil.

4 – Teremos uma cláusula de barreira neste ano, não seria mais interessante a senhora se candidatar ao cargo de deputada federal, para o bem da legenda?
Temos uma candidata que vai disputar para federal aqui [no RS]. Foi a vereadora mais votada de Porto Alegre [Fernanda Melchionna] e pode certamente ajudar a gente a cumprir essa cláusula de barreira. Eu ainda tenho um plano de governar Porto Alegre, de ser prefeita.




5 – A esquerda tem sofrido derrotas nas últimas eleições? Como será ‘se reinventar’?
Esse é o grande desafio. Os erros do PT ao longo desses anos precisam ser avaliados pela esquerda que pretende se renovar. O PT perdeu a capacidade de liderar a esquerda brasileira. A própria situação do País é dramática. Um governo ilegítimo, sem respaldo popular. Há uma desarticulação dos sindicatos, dos movimentos sociais. A própria Dilma [Rousseff] já vinha ensaiando medidas duras, mas pela ligação do partido, não tinha como atacar brutalmente o trabalhador. Ela já falava em reforma trabalhista, da previdência. Isso levou a um enfraquecimento da própria base do PT.

6 – O Lula continua líder?
O Lula continua sendo uma figura de liderança carismática e popular. Mas tudo o que acontece é uma adaptação ao regime que estabeleceu com as empreiteiras. A maior prova de que ele colocou os pés pelas mãos são as doações que ele recebeu para o instituto através das empreiteiras. Não é preciso que tenha cometido crime explícito para perceber que estabeleceu relações promiscuas com o grande capital, e esse caminho é o maior crime que ele cometeu. Os demais, a Justiça vai avaliar. Pode ser culpado ou não, o processo penal é complexo. Agora, o processo político está claro. Ele não pode mais ser a referência de esquerda brasileira. Precisamos de novas lideranças.




7 – A expressiva intenção de votos registrada pelo deputado Jair Bolsonaro nas pesquisas seria o reflexo da população que não acredita mais nos políticos tradicionais?
Exatamente. Ele é uma resposta do povo pela direita e insatisfação com a política. A insatisfação com o País como um todo, principalmente a violência, que o Bolsonaro explora. Ele acaba captando um eleitorado cansado com os políticos tradicionais e não percebe que ele é mais um político travestido, só que chuta o balde. Essa postura dele de chutar o balde agrada às pessoas descontentes. O que falta é justamente alguém que chute o balde pela esquerda no sentido de dizer que o modelo econômico e político atual não servem mais.

8 – Acredita que o Luciano Huck irá se candidatar?
Desde que comecei a ouvir o burburinho, não tive dúvida de que seria uma alternativa para as elites, porque ele é um cara que tem relações históricas com o PSDB, e ao mesmo tempo é uma figura popular, diferentemente das lideranças naturais do partido, que não têm nenhuma popularidade.



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