Diretoras e diretores protestam contra volta às aulas e afirmam que não reabrirão escolas estaduais
Foto: Divulgação | Cpers

Diretoras e diretores protestam contra volta às aulas e afirmam que não reabrirão escolas estaduais

Equipes diretivas de escolas estaduais de Porto Alegre denunciam a falta de condições para o retorno às aulas presencias em meio a pandemia do coronavírus.

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Luciano Velleda | Sul21

Diretoras e diretores de escolas estaduais realizaram, nesta sexta-feira (2), um ato no colégio Júlio de Castilhos, o Julinho, em Porto Alegre, para protestar contra a decisão do governo do Estado de reabrir as escolas para aulas presenciais. Os cerca de 60 representantes de escola que estiveram presentes demonstraram a mesma convicção de que as instituições estaduais não apresentam condições de segurança para a volta às aulas, ainda em meio à pandemia do novo coronavírus. Os problemas passam pela falta de infraestrutura em implementar os protocolos sanitários exigidos, a falta de orientação do governo de Eduardo Leite (PSDB), a ausência de testes para covid-19 e o grande número de educadores pertencentes ao grupo de risco.

“Precisamos preservar a vida dos nossos alunos, nossos funcionários e nossos professores, ou seja, toda a comunidade escolar”, afirmou Jaqueline Rocha, diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Camila Furtado Alves, localizada em Porto Alegre. Mesma opinião foi manifestada por Edgar de Quadros, diretor da EEEF Maria José Mabilde, situada na Ilha da Pintada. “Estamos lutando para não retornar às aulas, em defesa da vida da nossa comunidade escolar.”

Neiva Lazarotto, vice-diretora da Escola Coronel Afonso Emílio Massot, definiu o encontro de hoje como “histórico”. “Estamos aqui num encontro histórico, com mais de 65 direções de escolas de Porto Alegre, na luta pela vida, porque temos responsabilidade com nossos funcionários, professores, estudantes e seus pais, mães e avós. Essas direções todas estão dando o recado para o secretário da educação e o governador de que não há condição sanitária, epidemiológica, estrutural e humana para retornar às aulas”, destacou.

Para exemplificar a situação da Emílio Massot, Neiva enfatizou que a direção da escola é formada por 7 pessoas, sendo 5 do grupo de risco, além de ter metade dos 24 professores do Ensino Médio também pertencentes ao grupo de risco para a covid-19. “Como vamos colocar essas pessoas em risco, junto com os alunos, seus pais e suas mães?”, questionou. “Por isso esse recado aqui para todo o Rio Grande do Sul. Estão acontecendo muitos movimentos de direções, isso aqui vai ficar para a história, uma iniciativa do grupo Diretores Unidos.”

Diretora do colégio Julio de Castilhos e a há 24 anos lecionando na instituição, Maria Berenice Alves afirmou que não abrirá a escola enquanto não houver segurança com relação aos testes de covid-19, definição sobre o Centro de Operação de Emergência em Saúde para Educação (COE-E), além de uma possível vacina. “Sou uma pessoa tranquila, não sou chegada em tumulto, mas, desta vez, não estamos brigando por salário, é pelas nossas vidas.”

Daniel Damiani, membro da direção central do Cpers Sindicato, enalteceu a iniciativa das mais de 65 direções de escolas de Porto Alegre — a Capital tem em torno de 200 escolas estaduais — e disse que o grupo tem aumentado. Damiani afirmou que os educadores não querem ser cobaias do “experimento” que o governo Leite quer fazer, ao decidir pela volta às aulas com a contaminação ainda elevada e a recém começando a diminuir.

“Eles estão apreensivos com a pressão que o governo está fazendo pelo retorno das aulas e que não é acompanhado pelo cumprimento da entrega de materiais e condições para um retorno seguro. Nossas escolas têm problemas estruturais graves, com falta de professores, falta de funcionários, e apesar de estarmos todos sobrecarregados pelas aulas remotas, a gente não quer se expor, sem segurança, ao vírus. Não queremos ser cobaias desse experimento que o governo está fazendo. Os índices de contaminação estão começando a diminuir, mas não há uma melhora substancial que justifique esse retorno”, enfatizou.

O grupo anunciou que enviará uma carta ao secretário estadual da Educação, Faisal Karam, e à 1º Coordenadoria Regional de Educação (CRE), comunicando que não reabrirão as escolas no prazo determinado pelo governo Leite.

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