Do Sul21
Uma grande carreata tomou as ruas de Porto Alegre neste domingo (14), composta por manifestantes contrários às medidas adotadas pelo Governo do Estado para tentar reduzir o contágio do coronavírus no momento mais grave da pandemia no Rio Grande do Sul. Partindo do monumento Laçador, a carreata percorreu vários bairros da cidade, cobrando o fim das restrições comerciais determinadas pela bandeira preta no Modelo de Distanciamento Controlado do governo estadual.
Neste domingo (14), o sistema de monitoramento de leitos de UTI da Prefeitura de Porto Alegre indica o colapso do sistema de saúde, com 116% dos leitos de UTI ocupados. A situação é ainda mais dramática em alguns hospitais de referência na cidade, como o Moinhos de Vento, com 160% de lotação, o Hospital Ernesto Dornelles (152%), Hospital São Lucas (132%) e o Hospital de Clínicas, com 117% dos leitos de UTIs ocupados.
Ao todo, a Capital tem hoje 1.055 pacientes com covid-19, somando os internados na UTI e aqueles na emergência aguardando um leito de UTI, sendo que a capacidade total de Porto Alegre é de 997 leitos de UTI. O esgotamento do sistema de saúde atinge todo o Rio Grande do Sul, cuja taxa de ocupação de leitos de UTI está em 110,3%.
O protesto dos manifestantes contrários ao fechamento temporário de determinadas atividades econômicas é realizado no dia seguinte em que familiares levaram até cinco horas para registrar um óbito no plantão dos cartórios de Porto Alegre. Neste sábado (13), ao longo de todo o dia houve longas filas para se realizar o registro de falecimento no plantão dos cartórios, que funciona dentro da Central de Atendimento Funerário (CAF). Entre 0h e 22h de sábado, foram realizadas 130 liberações de sepultamento, translado de corpos ou cremação. O recorde diário da semana.
Desde o domingo (7) passado até este sábado (13), foram notificadas as mortes de 1.516 pessoas no Rio Grande do Sul, a semana mais mortal desde o início da pandemia há um ano. Atualmente, o RS é o terceiro estado com o maior número de mortes de covid-19 no Brasil, considerando o acumulado dos últimos sete dias. São 11,8 óbitos para cada 100 mil habitantes, apenas atrás de Rondônia (16,1 mortes/100 mil habitantes) e Roraima (12 mortes/100 mil habitantes). No mesmo período, a Itália teve 3,66 mortes/100 mil habitantes e os Estados Unidos 2,94/100 mil habitantes.