Covid: 20% das pessoas entre 54 e 59 anos ainda não foram se vacinar em Porto Alegre
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Covid: 20% das pessoas entre 54 e 59 anos ainda não foram se vacinar em Porto Alegre

SMS alerta que risco de trombose é ‘infinitamente’ maior em casos de contaminação pelo vírus

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Do Sul21

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre está reforçando nesta semana o chamado para que as pessoas compareçam aos postos de vacinação nas datas indicadas para as suas faixas etárias e não adiem a imunização na espera de vacinas que não estão disponíveis no momento. Em conversa com a reportagem, o diretor da Vigilância em Saúde da secretaria, Fernando Ritter, afirmou que a Prefeitura tem percebido uma queda na cobertura vacinal à medida que a imunização do público em geral avança.

Ritter diz que a SES vem fazendo uma análise diária da vacinação e tem chamado a atenção o fato de que muitas pessoas abaixo dos 59 anos não têm comparecido aos pontos de vacinação, o que, segundo ele, não vinha acontecendo nos grupos anteriores.

O diretor da SMS afirma que, na população acima de 60 anos, a expectativa era vacinar 221 mil pessoas, mas já foram vacinadas 250 mil deste grupo, acima de 100% da meta. Ele pontua que os trabalhadores da educação, da segurança e profissionais da saúde também apresentam uma alta procura pela vacinação. Contudo, o mesmo não vem acontecendo nas faixas etárias entre 54 e 59 anos.

“A faixa de 59 anos, que começou no dia 5 de junho, a gente tinha 16.459 pessoas a serem vacinadas, ainda faltam vacinar 7,3%. Agora, se eu estender isso para o público até 54 anos de idade, que já tem quatro dias de vacinação, contando até ontem, eu tenho 28% de 54 anos que não foram se vacinar, 30% das pessoas de 55 anos que não foram se vacinar, 23% das pessoas com 56 anos. Ou seja, entre 54 e 59 anos, eu tenho 21.435 pessoas que não se vacinaram, representando 20%, ou seja um quinto das pessoas. Isso chama a atenção porque daí nós vamos chegar lá em setembro, que é a meta de vacinar 70% da população e vou estar disponibilizando a vacina para os 18 anos de idade, mas de20% a 15% da população não quiseram se vacinar. Isso nos preocupa”, afirma.

Em razão do problema, Ritter diz que a Prefeitura resolveu fazer o alerta para a importância de todo mundo participar da campanha de vacinação. “A vacinação não é só para se proteger, protege a si, mas protege a coletividade. A gente não vai conseguir diminuir a potência da pandemia se a gente não chegar a 70% de imunidade coletiva. Porque aí, a pessoa que não quer [se vacinar], de 59 ou 58, pega uma carga viral alta, começa a transmitir para outras pessoas e, com isso, o vírus se perpetua”, afirma.

Medo de trombose e negacionismo

Ritter acredita que o temor gerado pelas notícias vinculando a vacina AstraZeneca/Oxford com casos de trombose é um dos fatores que têm levado parte da população a adiar a vacinação, uma vez que um maior número de doses deste imunizante vem sendo destinado para o público geral nas últimas semanas. Contudo, ele ressalta que o risco de o imunizante causar trombose é muito inferior ao de outras situações comuns e ainda mais na comparação com os casos de covid-19.

“Eu vou te dar o dado de alguns estudos: a vacina da AstraZeneca tem 0,0004% de chance de causar trombose. Vou fazer três comparações. Anticoncepcional tem uma chance de 0,05% a 0,12%. Uma gravidez tem chance de 0,05% a 1,8%. E um dado extremamente importante que as pessoas não estão levando em consideração, 16,5% das pessoas que tiveram covid desenvolveram trombose durante a doença. Então, o fato de a pessoa não se vacinar com medo de 0,0004% não pode ser menor do que o medo da pessoa ter o vírus e ter 16,5% de chance de ter trombose, uma chance infinitamente maior”, diz.

Ritter pondera que o imunizante da AstraZeneca não é recomendado apenas para gestantes, sendo que não há nenhuma contraindicação por órgãos de saúde das esferas municipal, estadual ou federal. “A gente tem visto muita gente chegando com atestado e estamos trabalhando muito com o Conselho de Medicina [Cremers] e o Sindicato Médico [Simers] para que orientem os médicos de que não precisa fazer isso. O excesso de zelo, nesse momento, não pode ser maior que o risco ao qual a pessoa se coloca ao atrasar o processo de vacinação e, aí sim, ter uma trombose”, afirma.

Além disso, o diretor da Vigilância em Saúde reconhece que a vacina da Pfizer virou a “menina dos olhos” de parte da população e estima que a vacina da Janssen, que deve chegar ao Brasil em breve, também terá a preferência, especialmente por ser uma única dose. “Eu tenho vários conhecidos que estão na faixa etária dos 40 aos 50 que estão só esperando a vacina da Janssen porque é uma dose só. Mas a pessoa deixar de tomar a vacina disponível traz o risco de pegar a covid e em 10 ou 20 dias vir a óbito. Olha o que aconteceu com a chegada dessa variante andina”, diz, referindo-se ao caso do jovem de 23 anos que faleceu na quarta-feira (16) após contrair a variante C37 da covid-19.

Ritter pontua que, por um lado, a Prefeitura tem utilizado as doses que acabam “sobrando” para adiantar faixas de vacinação, mas salienta que isso não é o ideal. “Eu vejo muitas pessoas falando: ‘então dá para quem quer’. Mas a gente está fazendo isso, nós estamos avançando nas faixas etárias, uma coisa não elimina a outra. Agora, eu tenho que alertar que as pessoas de 59, 58 anos, têm mais chance de contrair a forma mais grave da doença do que a pessoas de 45, 40, 18, e isso vai repercutir em óbitos, custos hospitalares, horas de profissionais”, diz.

Por fim, ele reconhece que ainda há uma parcela da sociedade que adotou o discurso antivacina. “Os negacionistas se multiplicam, são um vírus quase mais potente que o coronavírus”, ironiza.

Ritter ainda alerta a população de que mesmo as pessoas vacinadas devem continuar usando máscara no dia a dia. “Nós temos 59% da população que ainda não tomou nenhuma dose, ou seja, nós não estamos iguais aos EUA, não estamos iguais a outros países. Estamos indo, acho que agora deu engrenada e não tenho dúvida de que vamos estar, em setembro, com 70% das pessoas possíveis de serem vacinadas imunizadas. Mas é importante usar máscara, álcool gel, respeitar o distanciamento, não podemos deixar de reforçar isso”, afirma.

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