Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a população em situação de rua no Brasil teve um crescimento de 38% entre 2019 e 2022, totalizando 281.472 pessoas. Esse número representa uma expansão de 211% em uma década, de 2012 a 2022, sendo um aumento muito superior à taxa de crescimento da população brasileira como um todo nesse período, que foi de apenas 11%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na cidade de Porto Alegre, um levantamento realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e da Unisinos, através do grupo de pesquisa e extensão interdisciplinar Passa e Repassa, identificou a presença de 5.788 pessoas vivendo nas ruas da capital. No entanto, de acordo com a estimativa da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), esse número é de 2.371.
Em entrevista ao periódico Matinal, a médica e doutora em Saúde Coletiva Maria Gabriela Curubeto Godoy, professora da Ufrgs e integrante do grupo de pesquisa, ressaltou que o número estimado de 5.788 indivíduos pode estar subdimensionado. Ela explicou que muitas pessoas nessa condição não acessam os órgãos públicos e, consequentemente, não são contabilizadas, tornando-se invisíveis ao Estado, o que pode levar a uma subnotificação preocupante.