Cometa 3I/Atlas: o viajante interestelar que colocou a NASA em alerta e agitou o imaginário coletivo
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Foto: Reprodução Pinterest

Cometa 3I/Atlas: o viajante interestelar que colocou a NASA em alerta e agitou o imaginário coletivo

Entre fatos e ficção: como um cometa interestelar fez o mundo olhar para o céu com fascínio e apreensão.

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O espaço profundo sempre exerceu um fascínio misturado a um medo ancestral na humanidade.

Recentemente, um objeto celeste em particular conseguiu reviver essa dicotomia: o Cometa 3I/ATLAS.

Este visitante de um sistema estelar distante não apenas intriga astrônomos por sua composição e trajetória incomuns, mas também desencadeou um aumento nas buscas no Google — um sinal claro do impacto psicológico e midiático de notícias que tocam no tema das ameaças espaciais.

A principal razão para o frenesi: a ativação do Protocolo de Defesa Planetária da NASA.

Um visitante raro e imprevisível

O 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar (de fora do nosso Sistema Solar) já detectado — o que, por si só, já o torna uma raridade.

O que o coloca sob os holofotes é o seu comportamento errático e sua química peculiar.

Cientistas observaram que o cometa possui uma composição atípica, apresentando uma proporção de dióxido de carbono significativamente superior à de água — um dado que excede em muito o que é comumente encontrado em cometas do nosso sistema solar.

Essas características, somadas à sua trajetória inesperada, levaram o Minor Planet Center (MPC) a emitir um alerta, gerando a necessidade de um monitoramento intensivo.

O Protocolo de Defesa Planetária e o pânico coletivo

A menção à ativação do Protocolo de Defesa Planetária pela NASA — e à colaboração com a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN) — foi o ponto de maior alarde nas manchetes.

Para o público leigo, a expressão “protocolo de defesa” evoca imediatamente cenários de catástrofe iminente, típicos de filmes de ficção científica.

No entanto, é crucial entender o verdadeiro propósito desta ação: trata-se de um exercício de coordenação global e aprimoramento de técnicas de medição.

O objetivo principal é refinar os modelos de previsão orbital e testar a capacidade de resposta da comunidade científica internacional diante de objetos com dinâmicas complexas.

A NASA e a IAWN foram categóricas: o cometa 3I/ATLAS não representa risco de colisão com a Terra, passando a uma distância segura de milhões de quilômetros.

O protocolo é ativado como uma medida de contingência e aprendizado, não de emergência.

Entre o fascínio e o medo

Apesar das garantias científicas de segurança, a ativação do protocolo gerou uma onda de medo coletivo e picos de pesquisa na internet.

O astrônomo Avi Loeb, embora não represente o consenso científico da NASA, reacendeu o debate ao levantar teorias sobre a possibilidade de o objeto ser uma “tecnologia alienígena” — o que, naturalmente, aumentou o frenesi midiático (O Antagonista, 2025).

A associação entre um evento espacial e uma ameaça existencial é profundamente enraizada na mente humana. Psicologicamente, a incerteza e a ameaça de um perigo sobre o qual não se tem controle — como um cometa — são gatilhos poderosos para a ansiedade.

A pesquisadora Dra. Ellen K. Peters, em seu trabalho sobre comunicação de risco, explica que quando as pessoas não compreendem totalmente um risco (por exemplo, a diferença entre um “protocolo de alerta” e uma “emergência”), elas tendem a usar atalhos emocionais para tomar decisões — o que leva à magnificação do medo (Peters, 2017).

A espiral do medo e o papel da mídia

A cobertura incessante da mídia, focada em manchetes com termos como “alerta” ou “ameaça espacial”, utiliza um mecanismo conhecido como espiral do medo.

Nesse processo, a repetição de termos alarmantes, mesmo quando desmentidos nos detalhes, mantém o assunto em destaque e reforça o imaginário coletivo de perigo.

Um estudo sobre a psicologia do medo cósmico indicou que eventos astronômicos incomuns, devido à sua escala e imprevisibilidade, causam aumento no estresse percebido e na busca por informações, mesmo que a fonte inicial seja posteriormente refutada (Tashiro et al., 2020).

Em suma, o 3I/ATLAS é um presente para a astronomia e um desafio para a comunicação de risco.

Ele é a prova de que, para a mente humana, o mistério do universo ainda é inseparável do medo.

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