O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) negou o pedido liminar de habeas corpus feito pela defesa do advogado e ex-professor de Direito Conrado Paulino da Rosa, preso temporariamente desde a última sexta-feira (26), em Porto Alegre. A solicitação buscava a liberdade imediata, mas o processo ainda será analisado pelos demais desembargadores da 8ª Câmara Criminal, após manifestação do Ministério Público Estadual. Por enquanto, não há data definida para esse julgamento.
Denúncias desde 2013
A investigação foi aberta em 2 de setembro, após uma denúncia anônima, e já contabiliza 13 vítimas formalmente identificadas. Segundo a Polícia Civil, os crimes sob apuração incluem violência sexual, psicológica e abuso de poder, que teriam ocorrido entre 2013 e 2025.
De acordo com relatos, parte das vítimas sofreu colapsos psicológicos e algumas chegaram a precisar de internação hospitalar em decorrência do trauma.
A delegada responsável pelo caso, Fernanda Campos Hablich, explicou que a prisão temporária foi necessária para assegurar a integridade das vítimas e a efetividade da investigação. “Muitas mulheres tinham medo de denunciar enquanto o investigado estava em liberdade, o que poderia comprometer os depoimentos e a apuração dos fatos”, afirmou.
Repercussão institucional
Conrado lecionava em cursos de graduação e pós-graduação e foi desligado, neste mês, da Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), após decisão administrativa. A instituição comunicou que a medida foi tomada diante da gravidade das acusações.
Defesa e manifestações públicas
Em nota, a defesa do ex-professor classificou a prisão como “desproporcional”, argumentando que ele vinha cumprindo todas as determinações judiciais e não oferecia risco à investigação.
Nas redes sociais, Conrado se manifestou dizendo confiar que “a verdade dos fatos se sobressairá” e afirmou repudiar qualquer forma de violência contra a mulher.
Próximos passos
Com a liminar negada, o pedido de habeas corpus segue para análise colegiada. O caso continua em sigilo parcial, mas as investigações apontam para a existência de um padrão de abusos ao longo de mais de uma década, envolvendo alunas e ex-alunas do acusado em Porto Alegre.
A Polícia Civil segue colhendo novos depoimentos e não descarta o surgimento de mais vítimas.