A dor de uma mãe agora se transforma em luta. Claudete Kremer Sott, mãe de Damaris Vitória Kremer da Rosa, afirma que não vai descansar enquanto a história da filha não representar uma mudança dentro do sistema prisional. Damaris morreu aos 26 anos, dois meses depois de ser absolvida de um crime que não cometeu, após seis anos presa injustamente e um diagnóstico tardio de câncer.
“Ela pediu ajuda tantas vezes, e ninguém ouviu. Agora, o que me resta é lutar por ela, e por todas as mulheres que passam por isso lá dentro”, desabafa Claudete.
Damaris começou a sentir dores ainda dentro do presídio, mas passou um ano sem receber o tratamento adequado. Mesmo com os pedidos da defesa para que fosse levada a um médico, a Justiça negou. A prisão só foi convertida em domiciliar em março deste ano, quando a doença já estava em estágio avançado.
Dois meses depois de finalmente ser absolvida, em agosto de 2025, Damaris morreu. Agora, a família pretende processar o Estado, buscando justiça não só por ela, mas também por outras mulheres que vivem a mesma realidade dentro do sistema prisional.
O que diz o Tribunal de Justiça
Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) afirmou que analisou três pedidos de soltura de Damaris.
O primeiro, em 2023, foi negado em todas as instâncias. O segundo, em novembro de 2024, também foi indeferido, sob a justificativa de que os documentos médicos apresentados não comprovavam a doença.
Somente em março de 2025, após a confirmação do diagnóstico de câncer no colo do útero, a prisão foi convertida em domiciliar, com tornozeleira eletrônica. A partir daí, Damaris iniciou o tratamento oncológico e recebeu autorização para morar com a mãe, em Santa Catarina, enquanto fazia consultas médicas.
A posição da Secretaria de Sistema Penal
A Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo e a Polícia Penal do RS lamentaram a morte da jovem e informaram que, durante o período de custódia, Damaris recebeu 326 atendimentos, entre consultas médicas, de enfermagem, psicologia e serviço social, além de duas internações hospitalares em março e abril de 2025.
A nota reforça que o atendimento médico dentro dos presídios é de responsabilidade do SUS, cabendo à Polícia Penal apenas o encaminhamento e o acompanhamento dos presos durante internações.



