O Brasil ultrapassou a marca de 358 mil pessoas em situação de rua, conforme dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O número representa um aumento preocupante e equivale a cerca de 10 mil pessoas a mais do que toda a população de Canoas, terceira maior cidade do Rio Grande do Sul.
O levantamento aponta o Rio Grande do Sul como o sexto estado com mais pessoas vivendo nas ruas, somando 15.906 registros. À frente estão São Paulo (148.730) — quase 100 mil apenas na capital —, Rio de Janeiro (33.081), Minas Gerais (32.685), Paraná (17.091) e Bahia (16.603). No Sul do país, o Estado gaúcho aparece atrás apenas do Paraná, superando Santa Catarina (11.805).
Os dados têm como base o CadÚnico, sistema federal que reúne registros da assistência social dos municípios. O estudo indica que as regiões Sudeste e Sul concentram a maior parte da população de rua, mas alerta para o crescimento acelerado em estados historicamente menos populosos, como Roraima.
Em nota, o Observatório da UFMG afirmou que o aumento “reflete o descumprimento da Constituição Federal de 1988 com as pessoas em situação de rua”, destacando a ausência de avanços na garantia de direitos dessa população, em sua maioria negra e historicamente vulnerabilizada.
Os pesquisadores também cobram maior transparência e acesso público aos dados oficiais, para que sirvam de base à formulação de políticas públicas eficazes de acolhimento e reinserção social.
