O futebol é a alegria do povo. Quantas vezes já ouvimos essa frase? É não é por acaso. O mais popular dos esportes no mundo inteiro, ainda que tenha sofrido um processo de elitização nos últimos anos, segue mexendo com as emoções das grandes massas.
Com sua popularidade que atravessa todas as fronteiras, o esporte bretão já protagonizou cenas inesquecíveis, como a de jogadores estadunidenses e iranianos trocando gentilezas antes do início de uma partida, mesmo que seus países estivessem em conflito, e até já interrompeu guerras momentaneamente. Tudo, evidente, dentro do maior clima desportivo.
Por outro lado, por vezes o futebol dá maus exemplos, reproduzindo defeitos das sociedades nos quais está inserido. Um exemplo é a intolerância de torcedores que agridem rivais que sequer conhecem, pelo simples fato de torcerem para um time diferente. É semelhante às disputas entre intolerantes em termos de ideologia e religião, que agem como se todos fossem obrigados a pensar da mesma forma e a cultuar as mesmas crenças.
Outros erros do futebol são as manifestações preconceituosas, tão presentes em estádios, por meio de gritos e de cânticos das torcidas. Sempre defendo que campanhas permanentes, encabeçadas por protagonistas (dirigentes, técnicos, jogadores) sejam usadas para combater tais absurdos.
Na contramão disso, o técnico do Palmeiras, o multicampeão Abel Ferreira, tem tropeçado durante entrevistas. Já disse ele que “não treina times de índios”, atribuindo aos indígenas, povos originários deste país, um sentido de inferioridade e desorganização.
Agora, no final de semana, ao ser questionado pela repórter Alinne Fanelli, da Rádio BandNews FM, sobre algo relativo ao futebol, Abel, grosseiramente, disse que só deve satisfação “a três mulheres: sua mãe, sua mulher e a presidente do Palmeiras.”
A atitude do treinador foi extremamente machista, uma vez que, sem qualquer cerimonia, e com grosseria, diferenciou a participação da repórter mulher da dos jornalistas homens, como se não aceitasse ser entrevistado por profissionais femininas. Abel Ferreira, responsável por tantas glorias do Palmeiras, precisa repensar seus conceitos e suas palavras.
Texto: Renato Dornelles
