O ex-presidente Jair Bolsonaro quebrou o silêncio em relação ao recente escândalo envolvendo joias e artigos de luxo recebidos durante viagens oficiais, que foram posteriormente vendidos por militares de sua confiança nos Estados Unidos. Em um comunicado emitido na noite de sexta-feira (11), assinado por advogados de sua defesa, Bolsonaro não negou diretamente o esquema de venda, mas afirmou que “jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos”. A investigação da Polícia Federal (PF), no entanto, revelou um esquema detalhado de comercialização desses itens, com relatórios indicando a participação direta de militares próximos ao ex-presidente.
A nota da defesa de Bolsonaro, incluindo Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, limitou-se a afirmar a inocência do ex-presidente em relação à apropriação indevida de bens públicos. Contudo, não abordou de forma explícita as acusações de venda das joias e artigos de luxo nos Estados Unidos, como constatado em um relatório da PF baseado em evidências concretas. A nota também mencionou que Bolsonaro havia se dirigido ao Tribunal de Contas da União (TCU) em março para devolver joias recebidas em viagens oficiais, mas não mencionou que a devolução ocorreu apenas após o escândalo vir à tona e o TCU ordenar a restituição.
A investigação da PF, desencadeada por ordem do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), identificou os principais envolvidos na operação batizada de “Lucas 12:2”. O esquema de comercialização envolve o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do tenente e amigo de longa data do ex-presidente; o tenente Osmar Crivelatti, também ligado à presidência; e Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. A PF alega que esses indivíduos fazem parte de uma “organização criminosa” que vendeu ilegalmente presentes dados ao Estado brasileiro nos EUA.
Além das denúncias relacionadas às joias, a investigação apontou cinco eixos de atuação da referida organização criminosa, conforme constatado pelo ministro Alexandre de Moraes em seu despacho. Esses eixos incluem ataques virtuais a opositores, instituições e ao sistema eletrônico de votação, além de tentativas de golpe de Estado, disseminação de desinformação sobre vacinas e medidas sanitárias e uso da estrutura do Estado para benefícios pessoais. As mesmas figuras, incluindo Bolsonaro, estão ligadas aos diferentes aspectos da investigação, reforçando a complexidade e alcance do caso.
Com a informação Revista Fórum.



