O recém-designado diretor-adjunto da Abin, Marco Cepik, assume o cargo em meio a revelações de um escândalo criminoso dentro da Agência Brasileira de Inteligência. Em uma entrevista exclusiva ao jornal O Globo, Cepik aborda as sérias suspeitas que levaram à substituição de Alessandro Moretti e discute a extensão do impacto desse esquema na agência.
Questionado sobre o uso irregular da estrutura da Abin para realizar arapongagem clandestina de críticos do governo Bolsonaro, Cepik confirma diversos episódios ilegais e aponta casos específicos com forte teor probatório. Ele destaca a necessidade de aguardar os resultados das investigações da Polícia Federal para determinar a amplitude e a responsabilidade dos envolvidos.
Sobre as dúvidas acerca da participação do ex-presidente Jair Bolsonaro e do general Augusto Heleno, Cepik prefere não especular, enfatizando a importância de aguardar os desdobramentos das investigações para esclarecer o papel de cada indivíduo. Contudo, ele destaca a urgência em esclarecer as suspeitas levantadas pela sociedade.
Ao abordar a presença de militares das Forças Armadas em questões políticas, Cepik destaca a atuação da Abin em alertar para possíveis ameaças à democracia. Ele reitera a importância de a agência retomar seu foco como um órgão civil, comprometido com o Estado brasileiro, e não com agendas privadas ou políticas. A mudança na direção da Abin visa fortalecer a profissionalização da agência e seu papel na segurança do país.
O temor que pairava sobre o general da reserva Augusto Heleno se materializou com sua intimação para depor no caso da ‘Abin paralela’. Como ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão ao qual a Abin estava oficialmente subordinada, Heleno está agora oficialmente sob investigação da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal. O depoimento está marcado para a próxima semana, na terça-feira (6), segundo informações obtidas junto à PF.
A investigação concentra-se na possível participação do general no esquema ilegal de espionagem, dado seu papel como superior hierárquico da Abin na cadeia de comando. Os investigadores buscam esclarecer se Heleno estava envolvido ou tinha conhecimento das atividades ilícitas atribuídas a Alexandre Ramagem, então diretor da Abin, e a Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, que estão no cerne do inquérito sobre o sistema criminoso de monitoramento de adversários políticos. De acordo com fontes citadas pelo portal g1, há indícios de que Heleno tinha conhecimento das atividades da ‘Abin paralela’, mas optava por evitar conflitos, conforme mencionado pelo falecido ex-ministro Gustavo Bebiano em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 2020.



