O policial militar da reserva Jeverson Olmiro Lopes Goulart foi condenado a 46 anos de prisão pelo estupro e assassinato do sobrinho Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves, de 12 anos. O crime aconteceu em 2016, em Porto Alegre, e inicialmente foi tratado como suicídio.
A sentença foi anunciada na tarde desta terça-feira (28), após dois dias de julgamento no Foro Central da Capital. A defesa de Goulart declarou que respeita o veredito, mas deve recorrer da decisão.
De acordo com o Ministério Público, o homicídio foi cometido para encobrir o abuso sexual praticado contra o menino. O júri foi presidido pela juíza Anna Alice da Rosa Schuh, da 1ª Vara do Júri da Comarca de Porto Alegre.
O caso teve uma reviravolta anos depois do crime. Em 30 de novembro de 2016, Andrei foi encontrado morto em seu quarto, com um tiro na testa. A Polícia Civil tratou o fato como acidente, mas, após insistência da mãe, Catia Goulart, o inquérito foi reaberto pelo Ministério Público, que apresentou denúncia por homicídio e estupro de vulnerável em 2020.
Durante o julgamento, Goulart, de 60 anos, afirmou que morava no Rio de Janeiro e estava em visita à família havia cerca de um mês. Ele disse ter acordado de madrugada com o barulho do disparo e encontrado o sobrinho ensanguentado na cama de cima do beliche. O acusado também relatou que havia alertado os familiares sobre a arma e negou ter tocado nela. Segundo a versão apresentada, ele teria “lavado as mãos enquanto esperava a perícia”.
O que aconteceu naquela noite
Conforme o relato de Catia, ela saiu de casa por volta das 17h30, enquanto o filho dizia que esperaria o tio para tomar chimarrão. Às 19h45, Jeverson confirmou a chegada. Quando a mãe retornou, perto das 23h20, estranhou que o menino não fez as brincadeiras de costume e foi dormir.
Por volta das 2h, ela foi acordada pelo irmão, que avisou sobre uma tragédia. Catia contou que encontrou o filho deitado, coberto até o peito e com as mãos juntas, apresentando um ferimento na cabeça, da testa em direção à nuca. Ela, que é auxiliar de enfermagem, constatou que o garoto já estava sem vida.
A Brigada Militar foi acionada por volta das 2h30. Segundo o depoimento de Catia, o irmão já comentava que se tratava de suicídio e se dispôs a fazer o exame de pólvora nas mãos.
A mãe, no entanto, passou a duvidar da versão apresentada por Jeverson. Um dos pontos que despertou suspeita foi um bilhete supostamente escrito por Andrei, no qual dizia: “Mãe, eu te amo, me enterre com a camisa do Grêmio.”
Catia relatou que a caligrafia estava diferente, a assinatura não era a mesma e o papel usado teria sido retirado de um caderno guardado em outro cômodo da casa. Essas inconsistências foram determinantes para que o caso fosse reaberto e o tio acabasse levado a julgamento.

