A Polícia Civil deflagrou, neste domingo (16), a Operação Cartão Vermelho, conduzida pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro de Organizações Criminosas (DRLD-OC), da Draco/Deic, para investigar um esquema de manipulação de resultados envolvendo dirigentes, treinadores e atletas de um clube que disputa a Terceirona Gaúcha e a Copa FGF (Ruy Carlos Ostermann). Os crimes apurados incluem fraude esportiva, falsidade ideológica, falsa identidade e associação criminosa.
Durante a ação, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, que incluíram vestiários e setores do Estádio Municipal de São Gabriel, além de residências de investigados. Também foram executadas buscas pessoais e três medidas cautelares diversas da prisão, aplicadas a dirigentes, atletas e ao treinador de goleiros, com o objetivo de interromper a continuidade das manipulações e proteger a integridade das competições.
Segundo o delegado Max Otto Ritter, a investigação teve início após denúncias recebidas pelos canais de inteligência da Polícia Civil e por uma comunicação formal encaminhada pela Federação Gaúcha de Futebol, responsável por zelar pela lisura dos campeonatos no Estado.
O ponto central da apuração é a partida disputada em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, entre São Gabriel e Internacional sub-20, que terminou em 7 a 0 para o Colorado. Antes do jogo, havia denúncia de que o segundo tempo teria cerca de cinco gols — informação que se confirmou após um primeiro tempo equilibrado, encerrado em 1 a 0 para o time da Capital, seguido por queda brusca de desempenho da equipe investigada.
Além desse episódio, surgiram indícios de irregularidades graves na partida contra o Juventude, em 1º de outubro, quando o clube teria escalado três jogadores inativos no BID da CBF, utilizando a identidade de atletas ativos, configurando fraude esportiva e crimes contra a fé pública.
A Polícia Civil também apura suspeitas em outros confrontos da Copa FGF e da Terceirona. Parte dos envolvidos já era monitorada por órgãos de integridade esportiva por práticas semelhantes em outros Estados, como Sergipe, Paraíba, Acre, Roraima, Rio de Janeiro e Paraná.
Para os investigadores, há fortes sinais de que o clube estaria sendo usado como ferramenta para a atuação organizada de grupos criminosos no ambiente esportivo. Segundo o delegado Max, manipulações de resultados abalam a credibilidade das competições, prejudicam atletas e torcedores, e abrem espaço para atividades ilícitas que impactam até a economia formal. Ele defende a necessidade de respostas institucionais enérgicas para evitar a erosão da confiança no esporte.
Na operação, foram recolhidos celulares, computadores e diversos documentos considerados relevantes. Nas próximas fases, a Polícia Civil fará a análise do material e conduzirá os interrogatórios dos investigados para consolidar a materialidade dos crimes e os elementos de autoria ligados à associação criminosa.



