A Polícia Federal prendeu nesta semana um gaúcho que ocupa o cargo de secretário-executivo do Ministério da Previdência, considerado o segundo posto mais importante da pasta. A ação integra uma nova etapa da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema de fraudes em benefícios previdenciários envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS.
O investigado é Adroaldo Portal, filiado ao PDT, que antes de assumir o cargo no ministério atuava como chefe de gabinete do senador Weverton Rocha (PDT-MA). O parlamentar também aparece entre os nomes citados nas apurações conduzidas pela Polícia Federal. Segundo informações preliminares, a prisão deverá ser cumprida em regime domiciliar, embora os detalhes das acusações ainda não tenham sido oficialmente divulgados.
Portal já havia ocupado anteriormente o cargo de secretário do Regime Geral de Previdência Social e passou a ser o número dois do ministério após a saída do então ministro Carlos Lupi, que deixou a função em meio ao avanço das investigações sobre o desvio de recursos de aposentadorias. O gaúcho atua há mais de duas décadas em cargos de confiança ligados ao PDT, sempre em funções estratégicas em Brasília.
Esquema envolvia descontos sem autorização de aposentados
As investigações apontam que o esquema funcionava por meio de entidades conveniadas ao INSS, que realizavam descontos mensais diretamente nos benefícios de aposentados e pensionistas. Em tese, esse tipo de cobrança é permitido quando há autorização expressa do segurado, em troca de serviços como assistência funerária, atendimento odontológico e psicológico, acesso a colônias de férias, academias ou consultoria jurídica.
No entanto, a apuração revelou que milhares de segurados tiveram valores descontados sem nunca terem se associado a essas entidades ou autorizado qualquer cobrança. Os débitos apareciam nos contracheques como se os beneficiários fossem membros regulares das associações, o que não correspondia à realidade.
Rede estruturada e vazamento de dados
Segundo a Polícia Federal, o esquema envolvia uma rede organizada, composta por intermediários, associações de aposentados e pessoas responsáveis pelo vazamento de dados pessoais de segurados do INSS. Essas informações eram utilizadas para viabilizar os descontos indevidos e dificultar a contestação por parte das vítimas.
A prática fraudulenta foi revelada e detalhada em uma série de reportagens do Grupo de Investigação da RBS (GDI), que apontou a dimensão nacional do esquema e o impacto financeiro sobre aposentados e pensionistas, muitos deles em situação de vulnerabilidade.
A Operação Sem Desconto segue em andamento, e a Polícia Federal não descarta novas prisões nem o aprofundamento das investigações sobre a atuação de agentes públicos e entidades privadas envolvidas no caso.
Com informações: GZH



