Bolsonaro consultou militares em plano de nova eleição e prisões de políticos
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Foto: José Dias/PR

Bolsonaro consultou militares em plano de nova eleição e prisões de políticos

Mauro Cid revela consulta de Bolsonaro a militares sobre plano de nova eleição e prisão de opositores. Delator detalha reunião em que minuta golpista teria sido entregue ao ex-presidente e a reação dos militares envolvidos.

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Em sua delação à Polícia Federal (PF), o tenente-coronel Mauro Cid trouxe à tona informações reveladoras sobre uma suposta consulta do ex-presidente Jair Bolsonaro a militares a respeito de um plano que contemplava a convocação de novas eleições e a prisão de opositores políticos. Segundo Cid, essa consulta ocorreu logo após a derrota de Bolsonaro no segundo turno das eleições. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente afirmou ter testemunhado a entrega do plano, que teria sido entregue por seu então assessor para assuntos internacionais, Filipe Martins. As informações foram divulgadas pelo site Uol, que teve acesso a um dos depoimentos de Cid, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e divulgado nesta quinta-feira (21).

Conforme reportado, o roteiro do suposto golpe teria chegado às mãos de Bolsonaro após sua derrota eleitoral. Cid detalhou que Filipe Martins entregou o documento ao ex-presidente, e no encontro também estavam presentes um advogado constitucionalista e um padre, cujos nomes ele afirmou não se recordar.

Aos investigadores, Cid relatou que Bolsonaro posteriormente se reuniu com militares de alta patente para discutir partes do plano, com o objetivo de avaliar a receptividade à ideia. De acordo com a delação, o único militar a mostrar apoio à proposta foi o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, que já havia manifestado insatisfação com o resultado das eleições ao recusar participar da cerimônia de troca de comando da Marinha. No entanto, Garnier não autorizou expressamente a implementação do plano, e não houve adesão por parte do Alto Comando das Forças Armadas, conforme relatado por Cid.

Os investigadores agora estão analisando se essas supostas articulações entre Bolsonaro e os militares tiveram alguma relação com a tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro, em Brasília. Além disso, a PF está investigando se o plano entregue a Bolsonaro é o mesmo encontrado na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que também previa a prisão de opositores e a declaração de “estado de defesa” na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para investigar supostas irregularidades, o que poderia levar à convocação de uma nova eleição.

A delação de Mauro Cid, que inclui detalhes sobre os planos golpistas e outras informações, foi o fator que levou a PF a celebrar o acordo de colaboração com o ex-tenente-coronel. O processo foi conduzido pelo advogado de Cid, Cezar Bitencourt, e homologado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, em 9 de setembro. Cid estava sob prisão desde maio por suspeita de fraude em cartões de vacinação, mas foi libertado após a homologação da delação premiada. Além das informações sobre os planos golpistas, Cid também alegou que Bolsonaro teria recebido dinheiro da venda de relógios de luxo recebidos como presentes de Estado e que teria criado uma estrutura para desviar bens públicos de alto valor para enriquecimento ilícito. Também confessou ser responsável pela fraude nos cartões de vacinação, alegando que era uma precaução para eventual “perseguição” à sua família por não terem se imunizado.

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