Por mais que a bancada de esquerda tenha crescido na Câmara Municipal de Porto Alegre após o pleito de 2024, o cenário geral do espectro progressista não é nenhum pouco positivo. Os partidos esquerdistas amargaram graves derrotas nas prefeituras das capitais de todo o Brasil, sendo que o PT ganhou apenas em Fortaleza, no Ceará, e o PSOL não conquistou nenhuma. Já o PL, partido do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, venceu em quatro capitais brasileiras. As demais cidades ficaram com partidos como MDB, PP, União Brasil e PSD.
Estes resultados deixam claro o que já era óbvio: o mundo mudou, mas a esquerda ainda pensa que estamos vivendo no século passado. Isso chega a ser meio irônico quando observamos o discurso esquerdista contra os “conservadores” ou algo do tipo. Aparentemente, os únicos que tentam conservar as próprias ideias e jeito de fazer política é a própria esquerda. E as urnas revelam que essa conservação já chegou a um ponto de putrefação – outra ironia. O mundo mudou e os eleitores de antes já não pensam mais da mesma forma. Os novos, então, dispensa comentários.
Para mudar esse cenário, a esquerda precisa ir para um divã e reavaliar muitas coisas que aconteceram e estão acontecendo tanto no Brasil quanto no mundo. Do contrário, o cenário para 2026 pode ser ainda mais pessimista, deixando a direita e o centro com cada vez mais hegemonia política. Uma renovação, com novas lideranças, também se mostra necessária, pois as figuras progressistas mais icônicas ou estão envelhecendo, ou não têm capital político necessário para conquistar as majoritárias. Vale lembrar que ainda em 2022, Lula ganhou de Bolsonaro por uma diferença mínima de 2,1 milhões de votos. De lá para cá, a credibilidade da gestão tem enfraquecido, com a possibilidade de os ministérios estarem agindo em causa própria ao invés de em nome do governo.