O prefeito de Viamão, Rafael Bortoletti Dalla Nora (PSDB), foi condenado pela Justiça do Rio Grande do Sul a nove anos, um mês e 22 dias de prisão em regime fechado por crimes relacionados à divulgação não autorizada de áudios íntimos e à tentativa de corromper testemunhas. O caso remonta a uma festa realizada em março de 2019, quando o político reproduziu, em caixas de som e diante de convidados, gravações de conteúdo sexual explícito envolvendo uma mulher com quem mantinha um relacionamento. Segundo a Justiça, o episódio teve como motivação uma desavença política com o ex-marido da vítima.
A sentença, assinada pelo juiz Igor Guerzoni Paolinelli Hamade, caracterizou o ato como violência de gênero e ressaltou o desejo de vingança por parte do prefeito. Os presentes na comemoração, entre eles aliados políticos de Bortoletti, sabiam quem eram os envolvidos nos áudios, o que agravou a exposição da vítima. Meses depois do ocorrido, o prefeito ainda tentou manipular o andamento das investigações oferecendo cargos públicos a testemunhas que estivessem dispostas a alterar ou omitir informações em seus depoimentos.
Além da pena de prisão, Bortoletti foi condenado ao pagamento de R$ 50 mil por danos morais à vítima, com correção monetária e juros de 1% ao mês desde o dia do crime. A decisão também impôs 80 dias-multa e rejeitou a substituição da pena por medidas alternativas. A defesa do prefeito, conduzida pelo advogado Adler Braum, já anunciou que recorrerá ao Tribunal de Justiça do Estado, apostando na reversão da sentença.
A vítima, por sua vez, relatou os impactos duradouros do caso em sua vida pessoal e familiar. “Eu não consigo entrar na cidade. Eu estou sendo falada, julgada. É muito difícil para mim e para meus filhos”, afirmou. Apesar da condenação, Bortoletti poderá recorrer em liberdade até o julgamento em segunda instância.
O que diz a defesa do prefeito
“A defesa de Rafael Bortoletti, Dr. Adler Baum, vem a público manifestar-se com respeito institucional acerca da recente sentença proferida pela Justiça de Viamão. Embora o processo tramite sob sigilo, é necessário esclarecer que o próprio Ministério Público havia, inicialmente, se posicionado pelo arquivamento das acusações em relação aos fatos imputados. Ainda assim, de forma surpreendente, o juízo optou por dar seguimento ao processo desconsiderando as razões técnicas apresentadas pelo órgão acusador e pela defesa.
A defesa vai interpor recurso ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e acredita que a justiça haverá de reformar a decisão proferida pelo juízo da cidade de Viamão. Rafael Bortoletti mantém a serenidade, a confiança na Justiça e reafirma sua trajetória pública íntegra e seu compromisso com a população de Viamão.”



