A Polícia Federal indiciou nesta quarta-feira (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro e o filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação a autoridades no âmbito da ação penal do golpe de Estado, na qual o ex-chefe do Executivo já é réu. O relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) também inclui medidas contra o pastor Silas Malafaia, que teve o passaporte retido e foi alvo de mandado de busca e apreensão.
Segundo a PF, Jair Bolsonaro mantinha intensa atividade de produção e disseminação de mensagens nas redes sociais, desrespeitando medidas cautelares impostas pela Justiça. As investigações mostram que, em 25 de julho, menos de uma hora após ativar um novo celular, Bolsonaro recebeu de Malafaia orientações para divulgar dois vídeos com mensagens políticas, em tom de mobilização. O material foi repassado em grupos digitais, reforçando a suspeita de articulação para pressionar e intimidar autoridades brasileiras.
O relatório também aponta que Eduardo Bolsonaro teria atuado com publicações em inglês em seus perfis oficiais, numa tentativa de influenciar a opinião pública internacional e constranger autoridades brasileiras envolvidas no processo. Além disso, áudios e conversas extraídos dos aparelhos de Jair Bolsonaro revelariam trocas de mensagens entre pai, filho e Malafaia, que indicam esforço coordenado para dificultar o andamento da ação penal no STF.
Outro ponto identificado na investigação foi a discussão, entre Jair Bolsonaro e aliados, sobre a possibilidade de solicitar asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei. O inquérito, instaurado em maio a pedido da Procuradoria-Geral da República, já havia apontado que Eduardo buscava apoio junto ao governo dos Estados Unidos contra ministros do STF. Bolsonaro cumpre atualmente prisão domiciliar por descumprimento de ordens judiciais, enquanto o ministro Alexandre de Moraes prorrogou a apuração por mais 60 dias para novas diligências.