Deputado Glauber Braga é retirado à força da presidência da Câmara em protesto contra cassação
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Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Deputado Glauber Braga é retirado à força da presidência da Câmara em protesto contra cassação

O caso desta terça reacende o debate sobre a gestão de conflitos no plenário, especialmente após episódios recentes envolvendo a oposição

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O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força da cadeira da presidência da Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira, após se recusar a deixar o local em protesto contra o processo de cassação que enfrenta na Casa. A remoção foi feita por policiais legislativos, que esvaziaram o plenário e retiraram também a imprensa, enquanto a TV Câmara interrompia a transmissão às 17h34 — movimento que gerou forte reação de parlamentares e profissionais presentes. Braga, que não integra a Mesa Diretora, havia ocupado o espaço às 16h04 e se manteve no local por mais de uma hora.

A retirada da imprensa foi alvo de críticas, especialmente após a assessoria do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmar que a medida seguiu “protocolo”, sem especificar qual. Em manifestação após o episódio, Glauber Braga disse se solidarizar com jornalistas que tiveram seu trabalho impedido e acusou Hugo Motta de agir com parcialidade. O parlamentar afirmou ainda que o corte do sinal da TV Câmara foi inédito e teria servido para evitar a transparência do ato.

O protesto de Glauber ocorre justamente no dia em que Hugo Motta anunciou que a Câmara deve analisar seu processo de cassação, motivado por denúncias de agressão contra o militante do MBL Gabriel Costenaro e pelo embate posterior com o deputado Kim Kataguiri (União-SP). Segundo o parecer do relator no Conselho de Ética, Paulo Magalhães, imagens e depoimentos comprovam que houve agressões, caracterizando quebra de decoro. A defesa do deputado, porém, sustenta que houve provocação constante por parte do militante e questiona o relator por incluir no parecer outros episódios já descartados anteriormente.

O caso desta terça reacende o debate sobre a gestão de conflitos no plenário, especialmente após episódios recentes envolvendo a oposição. Em agosto, deputados contrários ao governo Lula chegaram a ocupar a Mesa Diretora por dois dias, impedindo Hugo Motta de presidir as sessões. Na ocasião, a direção da Câmara cogitou suspender cautelarmente os responsáveis, mas recuou após falta de apoio interno. Agora, com o caso de Glauber Braga, a tensão política volta a pressionar o comando da Casa.

A PEC de cassação de Glauber ainda deve passar pela Corregedoria, que tem prazo de 45 dias para apresentar o relatório final. Caso avance, a decisão caberá ao plenário, exigindo maioria qualificada. A situação, no entanto, promete acirrar ainda mais os ânimos entre base, oposição e independentes, colocando a Câmara no centro de mais uma crise de imagem e de transparência, amplificada pela retirada da imprensa e pelo corte abrupto da transmissão oficial.

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