A discussão sobre o fim da jornada 6×1 ganhou força no Congresso Nacional em 2025 e deve seguir em destaque no início do ano que vem. A Proposta de Emenda Constitucional 148/2025, que reduz a jornada máxima para 36 horas semanais e garante dois dias seguidos de descanso sem redução salarial, passou pela Comissão de Constituição e Justiça e aguarda votação no plenário do Senado. Se aprovada, será encaminhada à Câmara dos Deputados, onde outras iniciativas, como a PEC 8/2025 e o Projeto de Lei 67/2025, permanecem em análise. Esse conjunto de medidas coloca o tema no centro do debate trabalhista e exige que as empresas iniciem, desde já, um processo de preparação para possíveis mudanças.
Para a SCA Scalzilli Althaus, o momento é de atenção redobrada. A advogada trabalhista Kerlen Costa, especialista em gestão de riscos e prevenção de passivos, destaca que as organizações precisam agir antes da definição legislativa. “Independentemente do ritmo da votação, o cenário aponta para uma tendência clara de revisão das jornadas. Quem começar agora a reorganizar escalas, revisar contratos e mapear impactos estará mais protegido de custos inesperados quando a mudança vier”, afirma.
A discussão no Congresso não ocorre de forma isolada. A pressão de centrais sindicais pela redução da jornada e as experiências internacionais de semanas mais curtas contribuem para que o tema avance. A PEC que propõe a extinção da 6×1, hoje comum no comércio, indústria e serviços, prevê uma transição para modelos mais equilibrados de descanso, enquanto o projeto das 40 horas ajusta o limite semanal previsto na legislação. Caso aprovadas, as medidas exigirão novas escalas, aumento de turnos e revisão do quadro de pessoal.
Planejamento antecipado
Segundo Kerlen, a mudança pode alterar rotinas e custos operacionais. “Estamos diante de uma possível transformação estrutural. Muitas empresas ainda dependem de escalas intensivas e só percebem o impacto quando a lei já está valendo. Planejar agora significa evitar decisões de última hora e garantir continuidade operacional”, explica.
Para além do impacto jurídico, a revisão das jornadas dialoga com tendências de produtividade, saúde mental e bem-estar, temas que vêm ganhando peso nas políticas de recursos humanos. O debate sobre quatro dias de trabalho, impulsionado pela PEC, também abre espaço para que empresas explorem pilotos e analisem modelos híbridos.
Kerlen reforça que a prevenção deve ser a prioridade. “A legislação pode mudar de forma gradual, mas a adaptação é complexa. Escalas, controles de jornada, banco de horas e processos internos precisam ser redesenhados. Quem começa cedo reduz riscos, inclusive de litígios futuros”, avalia.



