A Cozinha Solidária da Azenha, que nos últimos 18 dias ocupou um espaço abandonado pela União, distribuindo alimentos à população vulnerável de Porto Alegre, teve que deixar o espaço nesta quarta-feira (13). Nesse tempo, a Cozinha, coordenada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), distribui mais de três mil marmitas. Apesar da desocupação, o movimento continuará com a entrega de alimentos em outro local da Azenha, cedido provisoriamente pela vizinhança.
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Por volta das 8 horas da manhã desta quarta, um comboio da Policia Federal chegou na Avenida Azenha, 1018, para cumprir a ordem de reintegração de posse do imóvel que pertence à União Federal e que estava abandonado há mais de duas décadas. O pedido de reintegração, acatado pela juíza Ana Maria Wickert Theisen, na semana passada, aconteceu no dia seguinte à ocupação do espaço pelo MTST, que articulou ali sua 20ª Cozinha Solidária pelo país.
Conforme afirmou uma das coordenadoras da iniciativa, Juliana Ferreira Mota, a Cozinha continuará atuando. “O que não podemos de forma alguma recuar é do combate à fome. Isso temos acordo que não iremos fazer. Sairemos cozinhando na esquina se for necessário, mas as pessoas não ficarão sem comer um só dia”.
Desde o início de suas atividades, em 26 de setembro, a Cozinha recebeu o apoio de várias entidades e movimentos sociais, de partidos políticos (PSOL, PT e PCdoB) e de pessoas sem ligação com nenhum movimento, que se tornaram voluntárias do projeto. A importância da função social desenvolvida pela cozinha foi reconhecida pelos executivos municipal e estadual, que visitaram o local. O movimento espera conseguir um local próprio junto à prefeitura.
Em Porto Alegre, mais de 160 mil pessoas estão em situação de vulnerabilidade social. Somente no último ano, a população de rua aumentou em 40%.
Dia anterior foi de vigília
“Queremos saber se o dinheiro deste imóvel será destinado à população ou é mais um que vai parar em offshore em paraísos fiscal enquanto o povo passa fome”, questionou Cláudia Ávila, coordenadora e advogada, durante a vigília realizada nesta terça-feira (12).
De acordo com o MTST, nesta quarta acontece o leilão de venda da área. “O Superintendente de Patrimônio da União, que acompanhou a ação da Polícia Federal nesta manhã, disse que o dinheiro da venda vai para o tesouro da União. Mas o que será feito, de fato, com essa grana para o povo? Irá para um paraíso fiscal por parte do ministro Paulo Guedes ou será mais uma bonificação bilionária a militares?”, indagou em nota a entidade.
As marmitas seguirão sendo entregues nas calçadas da Avenida Azenha. Enquanto isso, o movimento também segue a negociação com o governo estadual do Rio Grande do Sul na busca por um espaço definitivo.