Vereadores cobram posição firme da Câmara contra racismo e discurso de ódio
Foto: Lucas Leffa

Vereadores cobram posição firme da Câmara contra racismo e discurso de ódio

Parlamentares exigiram providências concretas contra fatos ocorridos na semana passada

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Do Sul21

Vereadores das bancadas do PSOL, PT e PCdoB, em conjunto com lideranças de movimentos sociais, se reuniram nesta segunda-feira (25) com o presidente da Câmara, Márcio Bins Ely (PDT), para exigir que a Casa tenha uma postura enfática contra atos de racismo e discurso de ódio.

Na última quarta-feira (20), um grupo de cerca de 30 pessoas ingressou nas galerias da Câmara para protestar contra o passaporte vacinal, muitos vestindo roupas em verde e amarelo ou portando adereços em alusão às cores nacionais. Após a exibição de um cartaz com o símbolo da suástica nazista, houve um tumulto generalizado, que incluiu ofensas racistas contra as vereadoras Bruna Rodrigues (PCdoB), Daiana Santos (PCdoB) e Laura Sito (PT).

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Durante a reunião, os vereadores exigiram do presidente da Câmara a identificação das pessoas que protagonizaram os atos racistas, a consequente proibição de entrar novamente no parlamento municipal, e que a Casa se manifeste judicialmente sobre o caso, denunciado na Delegacia de Combate à Intolerância.

Após o encontro, Bruna Rodrigues disse que os atos de racismo vistos na semana passada não foram os primeiros dentro da Câmara. A vereadora afirma ter tido sua integridade física ameaçada pela mulher que proferiu ofensas de cunho racista, mesmo estando dentro do plenário. “O que aconteceu foi assustador. Se ela portasse uma arma, sem dúvida atirava. Me senti desprotegida neste espaço, onde fui eleita para representar o povo negro da cidade.”

Bruna espera que medidas efetivas sejam tomadas pelo presidente da Câmara, uma mudança de atitude até o momento ainda não vista. “Daqui pra frente, só acredito no que é material. A postura da Casa precisa mudar, e até aqui não mudou. A Câmara ainda não tomou nenhuma medida efetiva para evitar atos como os de quarta-feira”, afirmou, destacando que, se o protesto fosse de estudantes, as galerias estariam com segurança reforçada.

A vereadora Daiana Santos (PCdoB) explicou que a reunião com o presidente da Câmara, além de pedir mais segurança para os parlamentares, cobrou um posicionamento mais firme do comando da Casa.

“A gente precisa dar uma resposta à altura para essa violência, porque é crime, racismo é crime, apologia ao fascismo e ao neonazismo é crime, então a gente precisa dar um posicionamento que seja exemplar. Toda essa mobilização é para que a gente volte a ser exemplo”, salientou.

Para Daiana, os atos da semana passada não foram isolados e são reflexos de uma estrutura maior e que não se pode deixar que cresça ainda mais, principalmente na “Casa do povo”.

Providências

Durante o início da sessão plenária, o vereador Matheus Gomes (PSOL) ocupou a tribuna para reforçar que atos racistas e fascistas não podem ser aceitos na Câmara e que já deveriam estar “na lata de lixo da história”. Para o vereador, o combate ao racismo não é uma luta exclusiva dos negros, e precisa ser feita por todas as pessoas com valores democráticos e humanistas.

Líder da oposição na Câmara, Pedro Ruas (PSOL) também usou a tribuna para lembrar um pouco da história democrática de Porto Alegre, uma cidade que aboliu a escravidão em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea, que defendeu a legalidade da posse de João Goulart, em 1961, criou o orçamento participativa e sediou o Fórum Social Mundial.

Ruas enfatizou que as cenas vistas na semana passada não podem representar a história da capital gaúcha. “Não dá pra aceitar, não é a nossa cidade. O que aconteceu aqui não é de Porto Alegre. Não vamos conviver com o fato de pessoas virem aqui e praticarem crime de racismo, inclusive dentro do plenário. Não vamos aceitar que racistas, fascistas e nazistas venham atacar vereadoras negras”, afirmou.

O vereador lançou afagos ao presidente da Câmara, elogiando-o pela postura no comando da Casa, ao mesmo tempo em que cobrou ações práticas. “Tenho certeza que o senhor tomará providências.”

Mais cedo, lideranças políticas e movimentos sociais realizaram um ato de repúdio e de resistência aos ataques ocorridos semana passada. Os manifestantes encontraram o portão da Câmara trancado e, por isso, fizeram o ato no lado de fora. Na semana passada, ao contrário, as pessoas que praticaram crimes de racismo encontraram o portão da Câmara aberto e puderam entrar sem dificuldade.

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