MP indicia médico suspeito de arremessar ex-companheira de carro em movimento na capital
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Foto: arquivo pessoal

MP indicia médico suspeito de arremessar ex-companheira de carro em movimento na capital

Vítima relata ter sofrido violência física e psicológica

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Um médico anestesista, de 39 anos, foi indiciado pelo Ministério Público (MP) por violência doméstica, em maio deste ano, em Porto Alegre. Thiago Kasikawa de Oliveira, natural de Taboão da Serra (SP), é acusado de ter arremessado a ex-companheira de um carro em movimento, em 2021, quando ainda estavam em um relacionamento. 

A vítima alega que foi jogada de um carro, na Av. Guaíba, Vila Assunção, zona sul de capital gaúcha. O caso aconteceu em 17 de agosto de 2021. Segundo a denúncia, os dois retornavam de um restaurante na Orla do Guaíba, quando o motorista alcoolizado  ofendeu a vítima durante o percurso. Ela auxiliava o homem com o aplicativo de GPS e acabou errando uma rua. Dessa forma, o médico passou a xingá-la. Neste momento, o casal teria iniciado uma discussão. 

De acordo com a denúncia do Ministério Público, “ela pediu para que ele parasse o carro, pois estava muito embriagado. Como ele não atendeu ao pedido, ela procurou o botão “P” do câmbio do veículo para pará-lo. Nesse momento, Thiago abriu a porta do passageiro e disse: quem vai descer é você.” Por fim, o denunciado teria arremessado a então companheira para fora do carro.

A vítima machucou a parte direita do rosto, os punhos e joelhos. Além disso, o seu celular quebrou no momento da queda. A médica dermatologista foi diretamente ao Hospital Militar da Área de Porto Alegre para ser atendida. Mesmo assim, o casal permaneceu junto até a metade de 2022.

Em uma conversa de Whatsapp, em setembro de 2021, depois do episódio do carro, a ex-companheira questionou o acusado por ter apagado as fotos dos hematomas do celular dela. Ele teria alegado que ficar olhando essas coisas não faria bem a ela

Foto: arquivo pessoal.

O caso foi denunciado pela Promotoria de Justiça Especializada de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Porto Alegre e tramita no 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Capital. O caso é tratado em sigilo pelo MP.

Relacionamento Abusivo

De acordo com a denúncia, outros episódios de violência verbal ocorreram.  Em vídeos feitos pela própria vítima, o agressor aparece alterado e acelerando o carro, enquanto a vítima pede para parar. Ele estaria dirigindo um veículo a 200 km/h em uma rodovia. Num certo momento do vídeo, a companheira grita “você vai matar a gente” e o médico debocha.

em abril de 2022,  segundo a denúncia, o médico teria enfiado um cano de pistola na boca da vítima, ordenando que ela ficasse calada. 

De acordo com o MP, o denunciado impedia a vítima de registrar boletim de ocorrência policial ameaçando-a de que, caso ela o fizesse, iria rasgar as bolsas e destruir os bens dela. Dessa forma, o BO só realizado após o término do relacionamento, em outubro de 2022. 

O prejuízo à saúde psicológica da vítima foi atestado pelo relatório psicológico da Central de Atendimento Psicossocial e Multidisciplinar. Segundo a dermatologista, a sua vida nunca mais será a mesma.

“Eu vou de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Eu não tenho mais nada a perder, tudo o que eu tinha ele me tirou. A minha vida nunca mais vai ser a mesma”, relatou a ex-companheira do acusado à reportagem do Porto Alegre 24 Horas. 

Segundo a Polícia Civil, o homem foi indiciado em 28 de fevereiro de 2023, mas não teve a prisão preventiva aplicada porque a agressão não foi recente. 

“É natural as vítimas esperarem a prisão imediata, mas a regra é a prisão apenas ao final do processo, depois da condenação. A prisão preventiva não cabe para qualquer situação. Por isso o Ministério Público também não pediu agora”, esclareceu a delegada Cristiane Ramos, titular da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher.

A vítima possui uma medida protetiva contra o acusado.

O que diz a defesa

A defesa de Thiago, quando procurada pela reportagem do Porto Alegre 24 Horas, enviou nota:

A defesa de Thiago Kasikawa de Oliveira, patrocinada pela advogada Maria Eduarda Klein, irá contrapor as acusações em juízo. A defesa também ressalta que o processo tramita em segredo de justiça e o vazamento distorcido das informações é crime. Por fim, a defesa reafirma que Thiago Kasikawa de Oliveira sempre se manteve ao dispor da Justiça para os devidos esclarecimentos.

Após a divulgação do caso no programa televisivo Boa Tarde RS, na Band RS, na tarde desta sexta-feira (18), a defesa reiterou: 

A  advogada Maria Eduarda Klein, responsável pela defesa técnica do médico acusado, esclarece as informações veiculadas na matéria sobre o caso envolvendo seu cliente.

De início, cabe ressaltar que a autoridade policial não realizou o indiciamento do meu cliente pelo crime de lesão corporal porque constatou informações nas quais a denunciante nega as agressões. Além disso, a investigação não teve acesso aos laudos da perícia porque a denunciante não realizou o exame de corpo de delito. As autoridades também constataram que a denunciante procurou o acusado, após os relatos, inúmeras vezes.

Sobre o pedido de prisão preventiva do acusado, a defesa esclarece que nunca foi solicitada pela Polícia Civil e nem pelo Ministério Público pois sequer é cabível diante da ausência dos requisitos estabelecidos na legislação, bem como considerando as provas trazidas pela defesa. 

Lamentamos a divulgação precoce de informações editadas e o vazamento de dados sigilosos

Peça ajuda e denuncie

Configura violência contra a Mulher toda ação que importe na lesão de direito, causando-lhe dano ou sofrimento físico, sexual, ou, ainda, atente contra sua vida. Muitas mulheres sofrem violência e não sabem como sair dessa situação tão delicada. A violência doméstica contra a mulher é a maior causa de feminicídio no Brasil e no mundo.

Conheça a seguir os tipos de violência contra a mulher:

  • Violência física: Empurrões, chutes, tapas, socos, puxões de cabelo, atirar objetos em sua direção, sacudir, apertar, queimar, cortar, ferir, etc.
  • Violência sexual: Obrigar a ter relações sexuais com o/a autor/a de violência doméstica ou com outras pessoas; forçar a ver imagens pornográficas; induzir ou obrigar o aborto, o matrimônio ou a prostituição; impedir de usar método contraceptivo, etc.
  • Violência moral: Xingar diante de amigos, acusar de algo que não fez, falar coisas que não são verdadeiras sobre ela para os outros, afirmar que a vítima é mentirosa, vagabunda, entre outras.
  • Violência patrimonial: Destruir materiais profissionais ou instrumentos de trabalho para impedir que a mulher trabalhe; controlar o dinheiro gasto, obrigando-a a fazer prestação de contas, mesmo quando ela trabalhe fora; reter, danificar ou destruir fotos ou documentos pessoais, roupas, etc.
  • Violência psicológica: Ameaçar, chantagear, xingar, humilhar, manipular, perseguir, controlar o que faz, tirar sua liberdade de escolha ou ação, vigiar e inspecionar celular e computador da mulher, seus e-mails e redes sociais, isolar de amigos e familiares, impedir que trabalhe, estude ou saia de casa, fazer com que acredite que está louca, etc.  [Polícia Civil RS]

Saiba onde denunciar em Porto Alegre

  • Endereço – Delegacia da Mulher de Porto Alegre (Rua Professor Freitas e Castro, junto ao Palácio da Polícia), bairro Azenha. As ocorrências também podem ser registradas em outras 23 delegacias especializadas no Rio Grande do Sul.
  • Telefone – (51) 3288-2173 ou 3288-2327 ou 3288-2172 ou 197 (emergências)
  • Horário – 24 horas

Na Delegacia Online da Mulher, por exemplo, as vítimas de violência doméstica possuem um canal direto com a Polícia Civil para registrar uma ocorrência policial, sem a necessidade de ir até uma Delegacia de Polícia para denunciar seu agressor. Importante que sejam informados todos os detalhes do relacionamento e do autor do fato.

 

 

 

 

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