A indústria de bebidas adocicadas, especialmente refrigerantes e sucos “zero açúcar” ou “diets”, pode não ser significativamente afetada pela classificação do aspartame como “possivelmente cancerígeno” pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), braço da Organização Mundial de Saúde (OMS). Três grandes associações ligadas ao setor já se manifestaram, sugerindo que a formulação dos produtos não será alterada e reforçando a segurança do aspartame quando consumido dentro dos limites recomendados pela própria OMS, que são altos e difíceis de serem alcançados.
A IARC avalia se um agente pode causar câncer, independentemente da dosagem ou forma de exposição. As evidências indicaram um potencial cancerígeno limitado em relação ao aspartame, o que resultou em sua classificação na categoria 2B, de “possivelmente cancerígeno”. Para comparação, a carne vermelha está classificada no grupo 2A, de “provavelmente cancerígeno”, e é consumida diariamente por grande parte da população mundial.
A avaliação de risco sobre o consumo do aspartame dentro dos limites orientados pelo Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da OMS e da Organização para Agricultura e Alimentação (JECFA) é responsabilidade desse comitê. O JECFA afirmou que os dados disponíveis não são suficientes para sugerir um risco no consumo do aspartame dentro do limite estabelecido desde 1981, de até 40 mg por kg de peso corporal por dia.
A Associação Internacional de Adoçantes (ISA), o Conselho Internacional de Associações de Bebidas (ICBA) e a Associação Brasileira de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD) destacaram em comunicados que as análises da OMS reforçam a segurança do aspartame utilizado nas bebidas e em outros produtos. Mais de 90 agências de segurança alimentar ao redor do mundo também garantem a segurança do edulcorante.
No Brasil, a ABIAD ressaltou que o consumo de 2.400 mg de aspartame por dia, para um adulto com 60 kg, seria equivalente à ingestão de 45 a 50 latas de refrigerante sem açúcar diariamente. A agência reforçou que o aspartame continua seguro com base nas evidências científicas.
As autoridades de saúde não sugerem que as indústrias modifiquem a formulação dos produtos com base nas novas classificações. A Anvisa emitiu um comunicado reforçando que não há alteração no perfil de segurança para o consumo do aspartame dentro dos limites estabelecidos, e que a permissão para uso dos adoçantes no Brasil é realizada com base nas diretrizes do JECFA e da OMS. A Anvisa está discutindo alternativas para aprimorar as regras de declaração dos ingredientes dos adoçantes nas embalagens para facilitar a identificação pelos consumidores.



