Quando a fala da criança é atrasada, isso pode trazer desafios para ela e sua família. Um ponto importante, segundo o médico pediatra e membro do Comitê de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Renato Santos Coelho, é diferenciar a comunicação como um todo da fala.
“Normalmente as pessoas misturam esses conceitos. O que vem primeiro é o processo comunicativo. Eu posso interagir com um bebê sem usar a fala. Então existe o que chamamos de linguagem não verbal, ou visual. Expressões de rosto, gestos com as mãos são os meios mais comuns”, explica.
A sequência do processo comunicativo envolve a fala. Usamos os sons e a fala de uma forma típica do humano que conseguiu desenvolver todo o complexo sistema de linguagem.
“Se formos avaliar as possíveis causas de atraso no desenvolvimento da fala precisamos pensar, primeiro, nas questões de eventuais perdas sensoriais. A surdez é uma das deficiências sensoriais que mais impacta no desenvolvimento da fala. A criança pode nascer surda ou com alguma perda auditiva severa que impacta na fala e, por isso, a importância do Teste da Orelhinha que é capaz de diagnosticar qualquer anormalidade logo em seu princípio. Também é importante destacar problemas otológicos como as otites de repetição e as otites serosas que atrapalham”, acrescenta o médico.
Existem outras questões comportamentais que também exercem influência que são situações nas quais a criança não é estimulada.
“Quando não há um adulto que interage e fala com a criança pode haver problema. É preciso um humano que cante, brinque e converse com os pequenos para ir estimulando”
As crianças que têm dificuldade em se comunicar podem se sentir frustradas e isoladas. Elas podem ter dificuldade em expressar suas necessidades e emoções, o que pode levar a comportamentos inadequados e até mesmo agressivos. Outro desafio é o desenvolvimento cognitivo da criança. A fala é uma parte importante do desenvolvimento cognitivo da criança, e quando há atrasos na fala, isso pode afetar sua capacidade de aprendizado. A criança pode ter dificuldade em acompanhar seus colegas na escola, o que pode levar a problemas acadêmicos e baixa autoestima.
Transtornos do Neurodesenvolvimento
Outras situações que os pais precisam estar atentos e devem conversar com os pediatras são os Transtornos do Neurodesenvolvimento.
“Existe Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL) e o Transtorno do Espectro Autista. Ambos impactam bastante no desenvolvimento da fala. Já a “Apraxia da Fala” pode ser compreendida como um problema na região cerebral associada à linguagem, afetando a programação de músculos que são usados na formação de palavras. Nestes casos não há uma paralisia muscular na face, mas sim uma ausência de comando cerebral para a articulação dos músculos usados na fala”, acrescenta o médico.
Por fim, um ambiente acolhedor e estimulante pode ajudar a criança a se sentir segura e confortável para se comunicar.
*Com a informação SPRS