Sentir cansaço é comum, mas quando ele se transforma em um problema de saúde, pode justificar um afastamento do trabalho. O atestado por cansaço é uma realidade.
O CID R53 corresponde ao código para mal-estar e fadiga, conforme a Classificação Internacional de Doenças. Para que o médico emita esse atestado, algumas perguntas precisam ser feitas:
– Você está se sentindo cansado?
– Percebe que tem menos energia física que o habitual?
– Está enfrentando tristeza ou falta de motivação?
– Tem tido dificuldades para dormir?
– Está dormindo mais do que o habitual?
O cansaço é um sinal de que o corpo precisa de descanso e recuperação para funcionar corretamente. Muitas vezes, uma pausa e mudanças nos hábitos diários são suficientes para recuperar as energias. No entanto, o cansaço torna-se preocupante quando é intenso, prolongado e interfere nas atividades diárias, ou surge sem causa aparente, acompanhado de outros sintomas como febre, dor ou mudanças de humor.
Fadiga extrema
O estresse é tão comum na rotina que frequentemente ignoramos o impacto que ele tem no corpo e na mente. O que realmente preocupa é uma fadiga prolongada que compromete as atividades diárias. Essa exaustão extrema, conhecida como fadiga crônica, pode vir acompanhada de sintomas como fraqueza muscular e problemas para dormir. Suas causas variam, podendo incluir condições psiquiátricas, infecções ou distúrbios metabólicos.
Fábio Yutani Koseki, coordenador da residência em psiquiatria da Unicesumar, explica que a fadiga crônica é diferente do cansaço comum. “Em uma pessoa saudável, a fadiga geralmente aparece após uma atividade excessiva, uma carga de trabalho intensa ou uma noite mal dormida. Mas, em pessoas com doenças, a fadiga é um cansaço desproporcional que afeta tanto o físico quanto o mental, podendo até prejudicar o desempenho no trabalho. Esses são os casos enquadrados no CID R53. Para esse diagnóstico, é necessário que os sintomas durem alguns dias, além da investigação clínica e, às vezes, exames laboratoriais ou de imagem”, detalha.
O cansaço contínuo e persistente pode indicar problemas como anemia, hipotireoidismo, diabetes, deficiência de nutrientes essenciais ou até mesmo depressão e ansiedade.
Cansaço e ambiente de trabalho
Nesses casos, o cansaço não é sinônimo de preguiça ou “frescura”. Muitas vezes, a origem do problema está no ambiente de trabalho, como excesso de pressão ou assédio moral. A advogada trabalhista Fabíola Meneguette enfatiza que é importante procurar um médico, normalmente um clínico geral, para identificar a causa do cansaço e, se necessário, obter o atestado. “Quando a pessoa está se sentindo muito mal, exausta, incapaz de trabalhar, ela precisa de uma avaliação médica. Muitas vezes, é necessário o encaminhamento a um especialista, como um psiquiatra, para uma análise mais detalhada”, explica.
Ela também observa que o CID não precisa, obrigatoriamente, constar no atestado médico, especialmente se o paciente preferir evitar qualquer discriminação por uma possível condição de saúde.
Quanto à aceitação do atestado por parte da empresa, Meneguette diz que ele deve ser considerado normalmente. “O atestado justifica a ausência do trabalhador pelo período determinado pelo médico. As empresas devem ficar atentas às suas políticas organizacionais, para verificar se estão exercendo pressão excessiva ou tratamento inadequado com os funcionários, visto que hoje em dia o burnout (síndrome de esgotamento profissional) é muito comum, levando a muitos afastamentos por questões psicológicas”, ela afirma.
Atestados falsos são crime
Contudo, em casos de suspeita de fraude, como rasuras ou adulterações no atestado, a empresa tem o direito de buscar esclarecimentos com o médico emissor. “Emitir atestado falso é crime e pode resultar em demissão por justa causa”, alerta a advogada. (Informações de Brenda Caramaschi | GMC Online)



