O Hospital Universitário de Canoas enfrenta mais um capítulo de sua crise crônica na gestão da saúde. Segundo o Sindicato Médico do RS (Simers), após anos de instabilidade envolvendo diferentes empresas, a atual administradora, Associação Saúde em Movimento (ASM), acumula dívidas com médicos e fornecedores, agravando a dificuldade de manter as escalas de trabalho. Os profissionais relatam atrasos no pagamento de rescisões e contratos, além da ausência de condições adequadas para cirurgias, como falta de anestesistas e insumos.
A situação levou os médicos a iniciarem uma restrição de atendimentos. A medida é diferente de uma greve, pois as emergências, internações e UTIs seguem em funcionamento, mas pacientes de ambulatórios e casos não emergenciais estão sendo redirecionados para outras unidades. O sindicato afirma que a crise atinge especialidades como pediatria, anestesia e traumatologia, e já provocou o fechamento da Clínica da Criança no inverno por falta de profissionais.
Ainda segundo o Simers, a ASM não cumpriu o pagamento parcelado prometido das rescisões, atribuindo a demora ao suposto atraso nos repasses da Prefeitura de Canoas. Enquanto isso, médicos denunciam que não há sequer um diretor técnico oficial registrado no Conselho Regional de Medicina, o que coloca em risco a regularidade do hospital.
Além da gestão municipal e da ASM, os profissionais apontam responsabilidade também do governo estadual, que reduziu repasses, e do governo federal, acusado de manter tabelas do SUS defasadas. Para o Simers, apenas uma intervenção financeira ou administrativa mais ampla pode garantir a retomada da normalidade no atendimento da população canoense.
