O uso crescente dos medicamentos emagrecedores, especialmente das chamadas canetas, tem provocado novas preocupações nos consultórios dermatológicos. A perda de peso acelerada pode alterar a estrutura e a aparência da pele, causando flacidez, perda de firmeza e mudanças na hidratação e no brilho. O alerta é da dermatologista Ana Paula Manzoni, associada à Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção Rio Grande do Sul (SBD-RS), que relata um aumento na procura por orientação dermatológica entre pessoas que utilizam essas substâncias.
Segundo a médica, o emagrecimento rápido reduz de forma expressiva o tecido subcutâneo e a massa muscular — estruturas que sustentam a pele.
“Quando o corpo emagrece muito depressa, a pele não consegue acompanhar a perda de volume e acaba sobrando. Esse efeito pode gerar incômodo estético e emocional. Muitas pessoas relatam se sentir com aparência mais envelhecida. O ideal é iniciar o acompanhamento dermatológico antes de uma perda de peso acentuada, para atenuar esses efeitos”, explica.
Ana Paula observa que, por promoverem resultados rápidos, esses medicamentos tendem a comprometer a capacidade da pele de se adaptar. Ela também cita relatos de queda de cabelo durante o uso das canetas, embora ainda não exista comprovação científica de uma relação direta.
“O que temos percebido é que tanto a queda de cabelo quanto a aparência mais envelhecida estão muito mais ligadas à própria perda de peso e às carências nutricionais de dietas restritivas, com pouca ingestão de proteínas, líquidos e nutrientes”, ressalta. Segundo ela, o processo de emagrecimento intenso representa um estresse físico que, por si só, pode provocar a queda capilar.
Por fim, a especialista compara os efeitos do uso das canetas aos observados em pacientes que passaram por cirurgia bariátrica.
“Apesar de ser uma abordagem mais recente, o padrão é muito semelhante ao da bariátrica. Em ambos os casos, vemos flacidez e queda de cabelo com origem nutricional”, conclui.
*Com a informação SBD-RS



