Uma inovação tecnológica está revolucionando o campo da fertilização in vitro (FIV) no Brasil. O Embryoscope Plus+, sistema que permite o monitoramento em tempo real do desenvolvimento de embriões por meio de tecnologia time-lapse, combina câmeras de alta precisão com inteligência artificial (IA) para gerar milhares de imagens e dados que ajudam especialistas a identificar quais embriões têm maior potencial de implantação.
De acordo com o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador do Mater Lab, esses equipamentos “funcionam como câmeras especiais, capazes de filmar e acompanhar o desenvolvimento dos embriões 24 horas por dia, fornecendo centenas de informações enquanto mantêm o ambiente ideal para o crescimento”.
O especialista ressalta que o impacto da tecnologia vai muito além das clínicas: “A enorme quantidade de dados gerados pode alimentar pesquisas multicêntricas, validar novos biomarcadores de viabilidade embrionária e contribuir para algoritmos preditivos mais precisos”.
O sistema funciona como uma verdadeira “babá eletrônica” dos embriões, registrando todo o processo — da fertilização até a fase final do cultivo. Os vídeos obtidos são usados em ensino, pesquisa, controle de qualidade e até compartilhados com os pacientes, oferecendo uma transparência inédita no acompanhamento do desenvolvimento embrionário.
Entre os centros que já utilizam a tecnologia estão o Grupo Huntington e o FertGroup, que contam com incubadoras de última geração integradas à MAIA, uma plataforma de inteligência artificial desenvolvida no Brasil. Treinada com imagens de embriões de pacientes brasileiros, a MAIA auxilia embriologistas a avaliar de forma mais objetiva a viabilidade dos embriões — uma abordagem inédita e adaptada à realidade nacional.
Segundo o Dr. José Roberto Alegretti, diretor de Embriologia do Grupo Huntington, “nosso objetivo nunca foi substituir o embriologista, mas oferecer um recurso que traga consistência e reduza a subjetividade da decisão clínica. Com dados locais, conseguimos resultados concretos que podem encurtar o caminho até a gestação”.
A adoção do Embryoscope e da MAIA já coloca o Brasil em posição de destaque no cenário internacional. Durante o congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), em Paris, pesquisadores do FertGroup apresentaram um estudo mostrando que a inteligência artificial pode prever a qualidade genética dos embriões sem a necessidade de biópsia, representando um avanço significativo para a reprodução assistida.



