Entre escolhas pessoais e conforto térmico, deixar de usar calcinha no dia a dia é uma prática adotada por muitas mulheres, especialmente nos períodos mais quentes. Mas a decisão levanta dúvidas frequentes sobre possíveis impactos na saúde íntima feminina. Segundo especialistas, a resposta depende menos da ausência da peça e mais do tipo de roupa, do material dos tecidos e dos hábitos de higiene.
De acordo com a ginecologista Helena Von Eye Corleta, integrante da comissão nacional especializada em ginecologia da FEBRASGO, dormir sem roupa íntima pode trazer benefícios. Isso porque a ventilação da região íntima reduz calor e umidade, fatores que favorecem irritações e infecções. Já peças confeccionadas com fibras sintéticas, ao contrário, tendem a aumentar a temperatura local e dificultar a respiração da pele.
“A região vulvovaginal é naturalmente úmida e quente, o que facilita a multiplicação de microrganismos da flora vaginal. A ventilação proporcionada pela ausência de roupa íntima durante o sono ajuda a manter a pele mais seca, reduzindo esse crescimento excessivo”, explica a médica.
Quando o assunto é sair de casa sem calcinha, o cuidado deve ser redobrado. Tecidos ásperos, costuras rígidas ou roupas muito justas podem provocar atrito direto com a pele, resultando em assaduras, pequenas lesões e quadros de dermatite. Além disso, roupas sintéticas que não permitem boa circulação de ar podem reter suor, anulando qualquer benefício da ventilação.
Segundo a especialista, não existem evidências científicas que indiquem que deixar de usar calcinha seja prejudicial à saúde genital. Em determinadas situações, inclusive, a prática pode funcionar como uma medida preventiva. Os problemas surgem, na maioria das vezes, pela combinação de roupas inadequadas e cuidados de higiene insuficientes.
Para quem opta por ficar mais tempo sem a peça íntima, a orientação é simples:
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Priorizar roupas externas de fibras naturais, como algodão e linho;
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Evitar calças, shorts ou saias com costuras grossas ou tecidos que causem atrito;
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Lavar as peças que entram em contato direto com a região íntima após cada uso;
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Redobrar a atenção com roupas sintéticas — nesses casos, a calcinha de algodão continua sendo a opção mais segura.



