Porto Alegre continua liderando a mortalidade por Aids entre todas as capitais do país. A taxa registrada é de 12 óbitos por 100 mil habitantes, quase três vezes superior à média nacional, que está em 3,4. Somente em 2024, foram contabilizados 1.321 novos diagnósticos na cidade, sendo 590 de HIV e 731 de Aids. O volume representa 43% de todas as notificações do Rio Grande do Sul, que somou 6.269 casos no mesmo período.
Mesmo diante dos números elevados, a capital gaúcha apresentou redução simultânea em três indicadores considerados essenciais pelo Ministério da Saúde: detecção de HIV, detecção de gestantes vivendo com HIV e mortalidade por Aids.
Essa melhora foi reconhecida internacionalmente. Nesta semana, Porto Alegre recebeu o Selo Prata da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela eliminação da transmissão vertical do HIV, quando o vírus passa da mãe para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação. O município mantém taxa inferior a 2% desde 2023, patamar exigido para a certificação.
Os resultados integram o Boletim Epidemiológico de HIV e Aids 2025, divulgado pelo Ministério da Saúde, e ajudam a dimensionar o cenário atual. Apesar dos avanços, os desafios ainda são expressivos: Porto Alegre ocupa o terceiro lugar entre as capitais na taxa de detecção de Aids (52,6 casos por 100 mil habitantes) e o sexto na taxa de HIV (42,5 por 100 mil). A cidade também lidera a detecção de gestantes com HIV: 14,9 por mil nascidos vivos, índice 4,7 vezes maior que o nacional (3,2) e o dobro da média gaúcha (7,4).
Para acolher, diagnosticar e tratar a população, a capital conta com o Centro Regionalizado de Atenção Integral e Prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (Craip), localizado na Avenida João Pessoa, 1327, bairro Farroupilha. O serviço do SUS oferece atendimento especializado em ISTs, incluindo HIV/Aids e hepatites virais, com acesso a testagem, acompanhamento, antirretrovirais, aconselhamento e às profilaxias Pré e Pós-Exposição (PrEP e PEP).
Um estudo divulgado em 2023 pela Associação Hospitalar Moinhos de Vento reforça a gravidade da situação na região. A pesquisa identificou que 1,6% dos moradores da Região Metropolitana de Porto Alegre já haviam recebido diagnóstico de HIV, percentual considerado um dos mais altos da América Latina. Especialistas apontam que o índice caracteriza uma epidemia generalizada, quando a transmissão atinge a população de forma ampla, sem concentração em grupos específicos.



