A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) divulgou um alerta a pais, responsáveis e cuidadores sobre a atualização dos protocolos internacionais de atendimento a engasgos e emergências pediátricas. As novas orientações foram publicadas em 22 de outubro pela American Heart Association (AHA), em parceria com a American Academy of Pediatrics, e trazem mudanças relevantes nas condutas recomendadas em casos de obstrução das vias aéreas e paradas cardiorrespiratórias em bebês e crianças.
De acordo com a entidade, as diretrizes reforçam a importância de identificar corretamente a gravidade do engasgo antes de iniciar qualquer manobra. O pediatra Silvio Baptista, 1º vice-presidente da SPRS e coordenador do Pediatric Advanced Life Support (PALS), explica que situações comuns do dia a dia costumam ser confundidas com emergências graves. Segundo ele, episódios de engasgo com líquidos, especialmente nos primeiros meses de vida, geralmente fazem parte de um mecanismo natural de proteção das vias respiratórias. Já os casos mais graves, normalmente associados a alimentos sólidos ou semissólidos, exigem intervenção imediata e técnica adequada.
As recomendações atualizadas destacam que as manobras de desengasgo não devem ser feitas indiscriminadamente. A aplicação incorreta pode provocar lesões e agravar o quadro da criança. Documento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), divulgado em agosto, também aponta que engasgos com líquidos raramente causam obstrução da via aérea superior.
Confira os principais pontos das orientações resumidas pela SPRS:
Quando o bebê engasga com líquido:
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Acionar ajuda;
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Manter o bebê de frente para o adulto que presta auxílio;
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Abrir a boca e limpá-la com um pano ou lenço;
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Estimular a respiração com movimentos circulares nas costas;
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Avaliar a resposta: se tossir, vomitar ou voltar a respirar, encaminhar para avaliação médica; se perder a consciência, iniciar reanimação cardiopulmonar.
Sinais de obstrução grave das vias aéreas, geralmente causadas por alimentos sólidos ou semissólidos:
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Dificuldade ou ausência de respiração;
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Incapacidade de tossir ou chorar;
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Alteração da cor da pele, com palidez ou coloração azulada;
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Perda de tônus muscular.
Procedimentos indicados para bebês (até cerca de 1 ano):
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Pedir ajuda imediatamente;
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Colocar o bebê de bruços sobre o antebraço, com a cabeça mais baixa que o corpo;
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Aplicar cinco pancadas firmes nas costas, com a base da mão;
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Virar o bebê de barriga para cima e observar a boca, tentando retirar o objeto apenas se ele estiver visível;
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Realizar cinco compressões torácicas;
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Alternar as manobras até a retomada da respiração ou do choro;
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Em caso de inconsciência, iniciar reanimação cardiopulmonar.
Para crianças acima de 1 ano:
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Solicitar ajuda;
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Incentivar a tosse, considerada a ação mais eficaz;
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Posicionar-se atrás da criança, inclinando-a levemente para frente;
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Aplicar cinco golpes entre as escápulas;
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Executar compressões abdominais (manobra de Heimlich);
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Repetir até a eliminação do corpo estranho ou perda de consciência, quando deve ser iniciada a reanimação.
Reanimação cardiopulmonar (RCP):
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Em bebês, as compressões devem atingir cerca de um terço do tórax, com ritmo de 100 a 120 por minuto;
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Em crianças, as compressões são feitas com uma ou duas mãos, afundando o tórax entre 4 e 5 centímetros;
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A relação entre compressões e ventilações varia conforme o número de socorristas.
A SPRS ressalta que, independentemente do desfecho inicial, todos os bebês e crianças atendidos em casa após episódios de engasgo ou obstrução das vias aéreas devem ser encaminhados para avaliação médica de emergência.



