Fenômeno La Niña colabora para atual crise de dengue em Porto Alegre
Foto: Cristine Rochol | PMPA

Fenômeno La Niña colabora para atual crise de dengue em Porto Alegre

A cada três anos, fenômeno climático tende a criar as condições ideias para a proliferação do mosquito da dengue

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Do Sul21

Até o momento, Porto Alegre tem 1.650 casos confirmados de dengue em 2022. A dimensão da gravidade da situação pode ser medida quando comparada com os anos anteriores. Os casos registrados neste ano são superiores à soma dos últimos seis anos: juntos, entre 2016 e 2021 foram confirmados 988 casos de dengue na cidade. Nesse período, 2019 foi o ano com o maior número de casos, com 462 – quatro vezes menos que agora.

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A diretora da Vigilância em Saúde da Capital, Fernanda Fernandes, explica haver um conjunto de fatores que podem explicar o que acontece em Porto Alegre em 2022. A primeira questão é climática. O regime de chuvas mais cedo causado pelo fenômeno La Niña colabora para a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Por isso, a cada três anos, é esperado que aumente o número de casos de dengue na cidade. Não à toa, 2019 foi o outro ano com maior contaminação no período recente.

“O tempo de chove e esquenta, chove e esquenta, é ideal para a proliferação do mosquito”, explica Fernanda.

Em 2019, o primeiro caso de dengue em Porto Alegre foi registrado na Semana Epidemiológica (SE) 12, enquanto este ano já foi bem mais cedo, na Semana Epidemiológica 9. E se a três anos atrás o pico de contaminação pelo Aedes aegypti ocorreu na SE 22, agora estamos com quatro vezes mais casos ainda na SE 17. Isso significa que o pico em 2022 pode ainda não ter acontecido.

Enquanto isso não acontece, a diretora da Vigilância em Saúde alerta a população a se proteger com medidas individuais, como o uso de repelente e mosquiteiros nas janelas, além de vigiar objetos que possam acumular água no pátio.

Fernanda diz que as ações para evitar a proliferação do mosquito não foram bem sucedidas este ano, principalmente na Zona Leste de Porto Alegre. Os bairros de população mais vulnerável tradicionalmente são mais afetados devido às condições de moradia e higiene, incluindo problemas com córregos à céu aberto.

“É difícil fazer controle num cenário mais vulnerável. Essa mistura de cenários nos territórios dificulta conter o aumento de casos”, explica.

Fadiga pandêmica

Se a temperatura cair nas próximas semanas, o frio dificulta a proliferação do mosquito e deverá baixar a contaminação na Capital. Aos poucos, a chegada do inverno tende a melhorar a situação. Ainda assim, a diretora da Vigilância em Saúde de Capital explica que os ovos do Aedes aegypti podem ficar vivos por mais de 400 dias. Isso significa que após o inverno, se não houver controle, esse ovos podem dar origem a novos mosquitos, o que demonstra a importância do cuidado ser permanente durante todo o ano. Surgido no Egito, o Aedes aegypti se adaptou perfeitamente às condições climáticas do Brasil.

A diretora da Vigilância em Saúde acredita que os dois anos da pandemia do novo coronavírus podem ser mais um elemento a contribuir para a atual situação da dengue em Porto Alegre. O estresse e o cansaço causados pela crise da covid-19 se enquadram no que a Organização Mundial da Saúde (OMS) define como “fadiga pandêmica”, um quadro em que a sensação de exaustão das pessoas colabora para haver um descuido no lar, associado ao momento de saída às ruas e menor tempo em casa.

Para que a gravidade de 2022 não se repita nos próximos anos, Fernanda conta que a Prefeitura tem mapeado as áreas da cidade com maior incidência de casos para fazer correções nas ações de vigilância, incluindo o manejo ambiental. E para quem sentir sintomas de febre, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele, ela alerta para buscar atendimento médico o mais rápido possível.

“A dengue é uma doença perigosa. Ela tem tratamento, tem cura, mas pode ser fatal, principalmente nos extremos de idades, entre idosos e crianças”, afirma a diretora da Vigilância em Saúde.

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