Mais de uma década depois de um crime que chocou Porto Alegre, vai a júri popular nesta segunda-feira (29), às 9h30min, Vandré Centeno do Carmo, 35 anos, acusado de matar e esquartejar Cíntia Beatriz Lacerda Glufke, então com 34 anos. O julgamento será realizado na Capital.
O homicídio ocorreu em 7 de agosto de 2015. Segundo a investigação, Vandré, que trabalhava como recepcionista de hotel, atraiu a ex-colega de trabalho para o bairro Jardim Carvalho, onde a matou de forma brutal. O crime, no entanto, não terminou no local da execução. A vítima foi esquartejada: parte dos restos mortais foi enrolada em um lençol, enterrada e concretada no pátio da casa do suspeito, no bairro Rubem Berta. Outra parte foi colocada em uma mala e descartada no município de São Joaquim, em Santa Catarina, após o acusado viajar até o Estado vizinho.
Além de Vandré, também serão julgados os irmãos Jean e Alan Centeno do Carmo, apontados pelo Ministério Público como participantes na ocultação do crime. Vandré responde por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Ele está em liberdade desde novembro de 2019.
A delegada Jeiselaure de Souza, hoje titular da Delegacia de Roubo de Veículos do Deic, foi a responsável pela investigação. Ela afirma que o crime foi planejado com antecedência. Vandré teria comprado a passagem, a serra e os materiais para concretar os restos mortais antes da execução. Também chegou a mostrar a amigos mensagens falsas atribuídas a Cíntia, nas quais a vítima supostamente dizia ter iniciado um novo relacionamento.
De acordo com o advogado criminalista e professor da PUCRS, Marcelo Peruchin, a realização de júris populares depende de diversos fatores, como tempo de perícias, apresentação de recursos e andamento das varas criminais. Por isso, atrasos como o do caso de Vandré não são considerados incomuns.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul informou que não irá se manifestar sobre o julgamento.
Repercussão com crime semelhante
O caso voltou a ganhar repercussão nas últimas semanas após a prisão do publicitário Ricardo Jardim, 66 anos, que confessou ter esquartejado a namorada e colocado o corpo em uma mala, abandonada na rodoviária da Capital em 13 de agosto.
Jardim já havia sido condenado, em 2018, a 28 anos de prisão pelo assassinato e ocultação do corpo da própria mãe. Em 2024, obteve progressão para o regime semiaberto. Durante o período em que esteve no regime fechado, chegou a dividir cela com Vandré. A semelhança entre os crimes levantou discussões entre investigadores e especialistas em saúde mental.