Se você é como muitos brasileiros, é provável que já tenha seguido uma dieta restritiva para perda de peso em algum momento da vida: sem doces, sem comida gordurosa, nada de processados. Embora possa dar resultado no começo, a tática acaba não vingando.
A nutricionista PhD em endocrinologia Sophie Deram, autora do livro “O Peso das Dietas”, é enfática em dizer “dietas engordam”. De acordo com ela, na prática, alimentação restritiva causa um efeito contrário ao desejado e representa, em longo prazo, a mais importante fonte de ganho de peso das pessoas.
“É claro que se você fizer uma dieta restritiva você vai emagrecer no começo, isso porque o corpo não está recebendo o suficiente para funcionar, mas isso não é saudável e bagunça o metabolismo. Seu corpo vai entender essa falta de alimentos como uma ameaça, então, ele vai acionar o modo de economizar e seu metabolismo vai começar a diminuir”, explica a nutricionista.
As dietas restritivas são aquelas que incentivam cortar grupos alimentares, como carboidrato e gordura ou que propõe o cálculo de calorias. No entanto, elas não têm nada a ver com as dietas que fazem uma restrição específica por conta de condições médicas.
Adepta da dieta low carb (ou dieta sem carboidrato), a zootecnista Luana Mendes perdeu 6kg em 3 meses, mas viu todo o esforço ir por água abaixo tempos depois. “Entrei em uma modinha porque queria resultado rápido, mas depois de 3 meses chutei o balde e comi tudo que eu não podia”, conta.
O resultado foi o famoso efeito sanfona. Luana não só ganhou o que tinha perdido, como aumentou mais 2kg na balança e hoje está com 69 kg.
Segundo a nutricionista Sophie Deram, voltar ao peso anterior é bem comum no caso de dietas restritivas. “Vários estudos mostraram que 95% das pessoas que fazem dieta voltam a engordar”.
Ainda de acordo com ela, esse tipo de dieta pode desregular o centro do apetite e aumentar o risco de compulsões e transtornos alimentares.
Sophie também lembra que é importante alertar os pais de crianças sobre o perigo do terrorismo nutricional. “As crianças crescem encarando com dificuldade uma alimentação normal e variada e se sentem culpadas ao cometer alguns excessos em dias de festas, ou de ir a um fast food de vez em quando. Precisamos salvar nossos filhos do excesso de restrições”
Para quem está insatisfeito com a balança, Sophie dá 3 dicas: respeitar a fome, fazer as pazes com o corpo e permitir-se comer, pois isso vai diminuir a ansiedade com relação à comida. “Eu quero ajudar as pessoas a pararem de acreditar neste mito que existem alimentos bons e ruins, diz ela. “É saudável comer de tudo, mas não tudo. “Moderação e equilíbrio são fundamentais”, conclui. (Catraca Livre)