Em apenas doze meses, os cassinos online saltaram de coadjuvantes a protagonistas do entretenimento digital brasileiro. Dados da Similarweb mostram que a categoria registrou crescimento de 41% e ultrapassou a marca de 100 milhões de visitas mensais, enquanto as apostas esportivas dispararam 83%, alcançando 400 milhões de acessos por mês
Esse acontecimento é puxado, sobretudo, pela adoção de aplicativos móveis, já que hoje, quem prefere girar os rolos pelo celular encontra nos melhores apps de cassinos multiplas opções de jogos, navegação simplificada e integração nativa com PIX para poder jogar de onde e quando quiser.
Números que explicam a febre dos cassinos online
O ritmo não é pontual, trata-se de uma tendência de largo alcance. Ao longo de 2023, os sites de apostas, incluindo todas as vertentes de jogo, somaram 6,1 bilhões de visitas, alta de 77,7% frente a 2022, com média de 508 milhões de acessos mensais. No mesmo intervalo, o Brasil viu a conectividade ganhar novos patamares.
Mais de 88% da população usou internet em 2023, e 98,8% desses usuários acessaram a rede pelo celular, segundo o IBGE. Essa quase universalização do smartphone explica por que 85% a 95% do tráfego das principais casas já chega via mobile. Quem joga quer portabilidade e velocidade, duas características que os apps entregam.
Já outubro de 2024 marcou outro novo pico, com 3.983 bilhões de visitas no terceiro trimestre, aumento de 24,45% sobre 2023, com 102,5 milhões de usuários únicos mensais. No ranking trimestral, todas as casas de apostas relatam mais de 85% das sessões originadas em dispositivos móveis.
Com isso, mesmo os gigantes tradicionais precisam se reinventar. A concorrencia recém chegada no país conseguiu roubar atenção com notificações personalizadas, programas de fidelidade em tempo real e transmissões ao vivo otimizadas para telas verticais. Mas por trás desse salto também está o patrocínio em clubes da Série A e a presença constante em streams de jogos.
Avanço legal: Da Lei 14.790/23 às portarias de 2024
O marco que abriu caminho para os cassinos online operarem em território nacional foi a Lei 14.790/2023, sancionada em 29 de dezembro de 2023, que enquadrou as apostas de quota fixa como modalidade lotérica federal. A norma determinou que apenas empresas sediadas no Brasil, com participação mínima de 20% de capital nacional, poderão receber outorga.
Outorga essa que hoje está fixada em R$30 milhões por cinco anos. Em maio de 2024, a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda detalhou as exigências na Portaria SPA/MF nº 827/2024. Por exemplo, o domínio “.bet.br”, sistemas antifraude e auditoria independente.
O prazo máximo para adequação das operadoras já ativas foi determinado em 31 de dezembro de 2024. Entre as regras, estão limites de depósito configuráveis pelo usuário e verificação de identidade baseada em reconhecimento facial. Serviço de atendimento 24h e transações blindadas deixaram de ser diferencial e viraram pré-requisito.
Segundo especialistas do setor, com as licenças emitidas, o mercado vai amadurecer e investimentos voltarão a patamares mais realistas. Isso porque um órgão fiscalizador punirá quem não segue as regras. A própria SPA reforçou a diretriz ao publicar, em julho de 2024, portaria de comunicação que exige selos de jogo responsável em todas as páginas e telas de aplicativos.
Inovação que move o cassino mobile
Do lado tecnológico, a experiência de jogo no Brasil também avança. Começando pelos pagamentos instantâneos, já que o Pix bateu 276,7 milhões de transações em um único dia em 6 de junho desse ano, segundo o Banco Central. Logo está a detecção de fraude por IA.
Algoritmos analisam padrões de aposta e comportamento para bloquear contas em até 200 ms, integrados às bases de lavagem de dinheiro da UIF. Os streaming ao vivo em 5G são outra realidade do país. Mesas de roleta filmadas em estúdios de São Paulo entregam latência abaixo de 100 ms, permitindo apostas sincronizadas a narradores em português.
Dimensão econômica: Empregos e arrecadação até 2027
A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) estima que o modelo regulado gerará R$20 bilhões em impostos e taxas já em 2025, além de 60 mil empregos diretos e indiretos em áreas como TI, marketing e atendimento.
Projeções da consultoria H2 Gambling Capital indicam que o gross gaming revenue (GGR) brasileiro pode alcançar R$47 bilhões em 2029, impulsionado pelos slots-mobile, que deverão responder por 30% do bolo, e por mecanismos de “play-to-earn” tokenizados.
As primeiras licenças completas sairam ainda final de 2024 e o mercado começou a operar plenamente esse ano. Mas empresas ainda correm contra o relógio para migrar servidores para o Brasil, integrar KYC biométrico e ajustar algoritmos de IA a novos limites de aposta.
