A Nestlé anunciou um plano global de demissão de 16 mil funcionários, em um movimento que surpreendeu o mercado por vir de uma gigante do setor alimentício e não de tecnologia. Os cortes, que representam cerca de 6% da força de trabalho mundial, atingem principalmente os cargos administrativos e de gerenciamento — conhecidos como “colarinho branco”.
Em comunicado oficial, a empresa justificou a decisão como parte de um esforço para “simplificar a organização e automatizar processos”, indicando uma reestruturação ampla voltada à digitalização e à inteligência artificial.
O novo CEO, Philipp Navratil, destacou que a Nestlé vive um momento de mudança estratégica, com foco em eficiência e competitividade global. Segundo ele, o objetivo é modernizar a estrutura corporativa e reduzir custos operacionais, dobrando a meta de economia inicialmente prevista pela antiga gestão — de 541 milhões para 1,08 bilhão de euros até 2027.
Apesar das demissões, a companhia apresentou crescimento orgânico de 3,3% nas vendas nos primeiros nove meses de 2025, consolidando seu desempenho em diferentes mercados. O contraste entre resultados positivos e cortes massivos reforça a tendência observada em grandes empresas de tecnologia, como Amazon, Google e Microsoft, que vêm promovendo demissões em meio a lucros expressivos e investimentos em automação e IA.
De acordo com o plano divulgado, 12 mil dos desligamentos ocorrerão nas áreas administrativas e de escritório, enquanto 4 mil afetarão setores de produção e cadeia de suprimentos. A Nestlé ainda não informou quais países serão mais impactados pela medida.
O anúncio marca uma nova fase na gestão da companhia, que busca se adaptar ao cenário global de digitalização acelerada, mesmo em um segmento historicamente estável como o de alimentos.